Desastre no Rio Doce: redes de relações do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB)
DOI:
https://doi.org/10.4322/dilemas.v18.n1.63146Palavras-chave:
Movimento de Atingidos por Barragens, Desastre no Rio Doce, Redes de relações, brokerage, Espírito Santo.Resumo
Neste artigo, examinamos a estrutura de redes de relações do Movimento dos Atingidos por Barragens no Espírito Santo (MAB-ES), no desastre no Rio Doce. Este foi um desastre sem precedentes no Brasil, desencadeado pelo rompimento de barragem de rejeitos de mineração da Samarco, Vale e BHP Billiton, em 2015, em Minas Gerais. Após o desastre no Rio Doce, a difusão do MAB para o Espírito Santo foi marcada pela construção da identidade coletiva de atingido. O MAB-ES também desempenhou um importante papel de organização e de articulação das pessoas afetadas, agindo na formação organizacional e identitária da sociedade civil local. Nesse cenário de injustiças socioambientais, como se configuraram as redes de relações do MAB-ES no conflito com autoridades e corporações? Quais processos e mecanismos influenciam a dinâmica das redes e como elas mudam ao longo do tempo? Utilizando métodos de pesquisa mistos, cinco anos do desastre socioambiental (2015-2020) foi examinado: (i) survey aplicado a 44 ativistas de 36 movimentos sociais e organizações civis no Espírito Santo; (ii) entrevistas em profundidade com 4 ativistas do MAB-ES; e (iii) análise de redes sociais do MAB-ES. O estudo demonstra um processo de expansão, mudanças e estabilização nas redes de relações do MAB-ES ao longo do tempo, com destaque ao papel de mobilização dos atingidos e de intermediação do conflito, cujo processo opera os mecanismos de brokerage e de difusão.
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