Edições anteriores

  • v. 6 n. 17 (2024)

    EDITORIAL: UMA CRÍTICA À COLONIZAÇÃO DA NATUREZA

    É com grande satisfação que anunciamos mais uma edição da Revista Estudos Libertários (REL) da UFRJ. 

    Em meio a conjuntura de emergência ambiental que atinge a região sul do Brasil neste momento, reforçamos nossa posição crítica ao capitalismo e sua lógica mercadológica que trata a natureza como objeto para obtenção de lucros. Nas reflexões de Antônio Bispo dos Santos, prioriza o desenvolvimento em detrimento do envolvimento e da biointeração, o saber sintético ao saber orgânico (SANTOS, 2023, p. 3 e 4). Em outras palavras, o capital à pachamama

    Nesse momento, ainda predominam guerras pelo mundo como na Palestina, na Ucrânia e na África, principalmente na região do Sahel. Lamentamos profundamente os neocolonialismos que priorizam dinheiro em detrimento da vida. Para contribuir para a a crítica desses processos que lançamos mais um número da nossa revista. Temos recebido muitos artigos e para dar conta deles estamos lançando mais volumes do que o previsto. Trata-se de um sinal de pujança de uma perspectiva que não se rende às guerras, ao eurocentrismo, ao racismo, ao patriarcado bege, ao capitalismo, à estadolatria e todas as suas discriminações. Estamos no front que nos é possível. Apresentamos abaixo pequenos resumos dos artigos. 

    O primeiro texto que apresentamos é a transcrição do discurso de Wallace de Moraes proferido durante a cerimônia de posse da direção do NEABI/UFRJ realizada em 13 de maio de 2024, que já alcançou milhares de visualizações no nosso canal no youtube e muitos pedidos da sua publicação. Aqui vai. Trata-se de uma nova proposta para enfrentar os racismos institucional e epistêmico com novo papel para o NEABI. O título do artigo resume bem a sua proposta: “NEABI: POR UMA POLÍTICA PÚBLICA CONTRACOLONIAL, DECOLONIAL E QUILOMBOLA DE ENFRENTAMENTO AO RACISMO NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA”. Vida longa ao NEABI da UFRJ!  

    O segundo artigo apresenta uma análise decolonial na área da Arqueologia. Produzidos pelos autores: Gabriela de Andrade Monteiro, Leandro Elias Canaan Mageste e Alencar de Miranda Amaral, o texto: “PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO E DECOLONIALIDADE: REFLEXÕES SOBRE OS CURSOS DE ARQUEOLOGIA DA UNIVASF E DA UFPI” expõe as tensões em torno de modelos colonialistas, valendo-se de métodos, teoria e conceitos acríticos, em contraposição com a Arqueologia descolonizada ou Indisciplinada, voltada para as subjetividades. 

    No terceiro artigo desta edição, intitulado: “PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADES CRÍTICAS E CONTRA HEGEMONIA EM CINECLUBES NA BAIXADA FLUMINENSE: UMA ABORDAGEM CARTOGRÁFICA E PSICOSSOCIAL”, Adriana Carneiro de Souza, entrevista fundadores e participantes dos cineclubes locais, buscando analisar esses espaços como iniciativas de constituição dos sujeitos e suas subjetividades, mediante um olhar contra-hegemônico. 

    Já o artigo “O BEM VIVER E AS EXPERIÊNCIAS DOS QUILOMBOS: ESTABELECENDO ALGUMAS CONEXÕES”, Marcos Antônio de Souza Lopes apresenta algumas experiências e resistências quilombolas voltadas à promoção da liberdade. O autor desenvolve uma crítica à noção de desenvolvimento convencional, advogando pelo estabelecimento de uma relação de harmonia entre os seres humanos e a natureza, além de apresentar algumas conexões entre os quilombos e a perspectiva do Bem Viver. 

    No quinto artigo, “RUPTURA E FIM DA TRANSIÇÃO DEMOCRÁTICA NO BRASIL: ESQUERDA, DIREITA: SENTIDO!”, Clayton Emanuel Rodrigues, Cleildes Marques Santana e Andressa dos Santos Silva, através de pesquisa historiográfica e sociológica, analisam as razões do recrudescimento autoritário no Brasil e as tensões entre: os movimentos populares, por um lado, e a disposição negocial das elites e seus partidários, por outro, em um processo que vem impondo amargas exclusões aos primeiros. 

    No sexto artigo “SOBRE A RESPONSABILIDADE REPRESENTATIVA DE FIGURAS HISTÓRICAS MARGINALIZADAS: O CASO DE KAN’NO SUGAK (1881-1911), UMA ANARQUISTA JAPONESA”, Felipe Chaves Gonçalves Pinto discute o processo diacrônico e ideológico que envolve a criação e recepção de narrativas que representam figuras históricas marginalizadas, tendo como referência a militante anarquista e feminista japonesa Kan’no Sugako. 

    Por fim, apresentamos a contribuição de Isabel Sant’Anna Andrade. No artigo: OS JANGADEIROS LIBERTOS E O CALDEIRÃO DA SANTA CRUZ DO DESERTO: MOVIMENTOS DE UM NORDESTE NEGRO INSURGENTE, a autora faz uma crítica a desracialização dos negros no Nordeste, propondo uma leitura racial sobre José Lourenço e a comunidade do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, apresentando-os como uma experiência empírica de autogestão e quilombismo.  

    Por fim, agradecemos aos autores e pareceristas anônimos pela confiança. Parabenizamos pelo excelente trabalho das editoras assistentes e de layout Gabrielly Sabóia e Ana Beatriz Plácido, respectivamente. Seguimos na luta contra toda forma de autoritarismo, contra o eurocentrismo e suas colonialidades, em especial, a da natureza, nesse momento de calamidade no Rio Grande do Sul. Expomos aqui brevemente, as principais teses defendidas nesta edição pelos nossos autores, notoriamente marcadas pela diversidade. Mas indicamos fortemente que procedam a leitura mais profunda dos nossos artigos. Boa leitura!

    Cordialmente, 

    Wallace dos Santos de Moraes (Editor Geral da REL)

    Juan Filipe Loureiro Magalhães (Editor Adjunto da REL)

  • DOSSIÊ EDUCAÇÃO LIBERTÁRIA E/OU DECOLONIAL (PARTE 2)
    v. 6 n. 16 (2024)

    EDITORIAL:

    É com enorme prazer que anunciamos a publicação da segunda parte do dossiê sobre “Educação Libertária e Decolonial” da Revista Estudos Libertários da UFRJ. Essa edição traz uma grande diversidade de temas contracoloniais, decoloniais, antirracistas, antissexistas, anticapitalistas e antiestadolátricos em torno da educação libertária. 

    Abrimos este número com o artigo: “EDUCAÇÃO POPULAR, PEDAGOGIA SOCIAL E FORMAÇÃO DE EDUCADORES SOCIAIS NO BRASIL E COLÔMBIA” dos autores Alfonso Torres Carrillo e Fernanda Dos Santos Paulo. O texto traça um comparativo bastante interessante entre espaços que buscam a construção de uma educação popular e por fora da formalidade no Brasil e na Colômbia. Sugerimos a leitura. 

    O segundo artigo de Cláudia Santos e Carla Trindade, cujo título é “ABORDAGENS POSSÍVEIS PARA UMA EDUC(AÇÃO) DECOLONIAL POR VIR” traz para o centro do debate uma crítica forte à colonialidade existente no campo da educação tradicional, utilizando autores clássicos do campo decolonial como Aníbal Quijano, Maldonado-Torres, Walter Mignolo. As autoras também abordam as teses de intelectuais como Franz Fanon e Paulo Freire e aproveitam para propor a subversão dos hábitos pedagógicos construídos pelo colonialismo, contribuindo assim para a construção de uma pedagogia decolonial. 

    O terceiro texto intitulado “Colar de Ixtle: revolução e educação em Ricardo Flores Magón” foi escrito por Luciana Eliza dos Santos e João Francisco Migliari. Os autores destacam a trajetória militante, política e pedagógica de um dos principais personagens da Revolução Mexicana de 1910. O texto resgata e comenta alguns escritos importantes de Magón no periódico Regeneración, mostrando a influência que Ferrer i Guardia - pedagogo catalão, anarquista e o principal articulador da Escola Moderna - teve em sua trajetória no sentido de integrar o tema da educação dentro do processo revolucionário. Combater a educação liberal vigente e que excluía a crítica ao sistema, era fundamental para Magón e outros participantes ativos do movimento que ocorreu no México no início do século XX. Nesse sentido, a educação seria a base para questionar as instituições, a colonização, dentre outras questões, postas pelo pensamento anarquista.

    “OS CORPOS NEGROS DOS TRABALHADORES QUE TRANSITAM NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE JOVENS E ADULTOS - PROEJA” é o título do quarto artigo que fora escrito por Islen Barbosa Machado, Rodrigo Trevisano Barros e Wayza Andrade Verta. O texto traz uma problemática recorrente no ambiente da escola pública e narra especificamente tal questão na modalidade educação profissional de jovens e adultos. O problema tratado no artigo busca um aprofundamento do letramento étnico-racial e toda a discussão que envolve o racismo no cotidiano entre jovens estudantes, negros, pobres e que moram em periferias. Os autores consideram a linguagem escolar muito distanciada da realidade da classe trabalhadora que frequenta as turmas de PROEJA. No desenrolar do texto há um intenso debate que procura avançar para a edificação de uma educação antirracista, conectando com a realidade dos estudantes-trabalhadores, e narrando suas dificuldades e percalços diários dentro e fora da escola. 

    O quinto artigo é de autoria de Keo Silva e se chama “A linguagem como campo de batalha: o pajubá como crítica anti-colonial”. O texto também busca uma alternativa pedagógica e faz profunda crítica epistêmica ao modelo atual de educação. Silva também aponta em seu texto um caráter de desobediência acadêmica, resgatando a teoria decolonial e autores correlatos que fazem apontamentos que vão além do colonialismo educacional, sob o qual fomos formados nas universidades e escolas formalizadas. 

    “Pode a arte-educação na Fundação Casa falar?” é o sexto artigo dessa edição e tem João Rodrigo Vedovato Martins como autor. O texto de Martins é riquíssimo pois busca conjugar um diálogo entre arte, autonomia e liberdade para debater com jovens infratores e que estão enclausurados na Fundação Casa. A partir dos estudos sobre as oficinas de arte, o autor propõe uma reflexão extremamente urgente sobre o modelo educacional destinado para esses jovens. 

    O artigo de Tássio Acosta intitulado “A escola é nossa inimiga! (conversações anarquistas com uma criança de 9 anos de idade)” é interessante e inovador, pois baseia-se em conversas com uma criança em idade escolar e as reflexões que ela coloca para um adulto. Essas conversas nos levam a problematização da escola desde sua raiz. Para tanto, Acosta se apoia na pedagogia libertária, pois historicamente os anarquistas propõem uma educação que deve formar um novo ser humano, emancipado que pode extinguir as classes e o Estado. 

    O texto que fecha esse dossiê é da autoria de Pedro Henrique Prado da Silva, cujo título se chama “CIÊNCIA E EDUCAÇÃO DOS CORPOS DA INFÂNCIA: CONCEPÇÕES NO IDEÁRIO ANARQUISTA”. Silva traz como destaque a trajetória militante e intelectual de um dos maiores nomes da história da pedagogia libertária: o catalão Francisco Ferrer i Guardia. O autor além de mostrar fatos importantes como a fundação da Escola Moderna na qual Ferrer i Guardia é um dos protagonistas, destaca a influência que o pedagogo possuía de correntes como o positivismo e relata o quão o ideário cientificista esteve na sua produção e militância dentro e fora da educação. 

    Por fim, agradecemos aos organizadores desse dossiê: Ana Paula Morel e Guilherme Santana, aos pareceristas anônimos, as editoras assistentes e de layout Gabrielly Sabóia e Ana Beatriz Plácido, bem como as autoras e aos autores e por confiarem na nossa revista e por tornarem esse número possível, apesar das dificuldades de saúde que o editor geral teve nesse interregno. 

    Que venham novas edições! 

    Saudações quilombolas, decoloniais, contracoloniais e libertárias!

  • Manifestantes em 2013

    DOSSIÊ SOBRE A REVOLTA DOS GOVERNADOS DE 2013 NO BRASIL
    v. 6 n. 15 (2024)

    EDITORIAL:

    REFLEXÕES A RESPEITO DO DOSSIÊ SOBRE A REVOLTA DOS GOVERNADOS DE 2013 NO BRASIL

    Dez anos depois dos maiores protestos da história brasileira (2013), nos quais os governados saíram às ruas em todas as capitais do país e até em alguns bairros, como no caso do Rio de Janeiro, ainda existe uma disputa de interpretações sobre seu significado.

    Curiosamente, a esquerda e a direita negam os principais símbolos dos protestos e na campanha eleitoral permanente (que estão imersos até as profundezas de suas existências) uma acusa a outra de ter determinado as ações dos manifestantes que quebraram vidraças de bancos, de sedes de prefeituras, de casas legislativas, criticaram gastos com estádios de futebol, com a copa do mundo da FIFA, a vinda do Papa, dentre outras ações diretas. Esquerda e direita, definitivamente, não compreendem os valores dos insurgentes populares, que chamo por quizumbeiros, muitos deles descendentes de quilombolas.

    Esse dossiê está dividido em duas partes. A primeira, trata de artigos que analisam as manifestações de 2013 exclusivamente e/ou inclusivamente. A segunda parte é fruto do seminário que produzimos no âmbito do canal do CPDEL/UFRJ no YouTube por conta do aniversário de dez anos da insurgência popular.

    O primeiro artigo é de minha autoria e está no contexto de uma crítica daquilo que chamei por “paulisto-centrismo”, como parte do “casagrandismo” que, por sua vez, constitui-se como expressão máxima do eurocentrismo no Brasil. Explico que tanto a esquerda quanto a direita estão embebidas por essas abordagens ao demostrarem um profundo amor pelas instituições coloniais e um horror aos protestos de negros, indígenas, anarquistas, revolucionários e pobres em geral.

    O segundo artigo é de Cristina Antonioevna Dunaeva e de Bartira de Albuquerque Dias denominado: “Memórias de Junho de 2013 no Cariri Cearense”. Fugindo do paulisto-centrismo e da estadolatria, as autoras resgatam as manifestações de 2013 no interior do Ceará, encenando com a importância das lutas autonomistas e das práticas de organização política e cultural anarquista e libertária. Trata-se de artigo absolutamente importante que joga de pernas para o ar o eurocentrismo, contribuindo para a memória das lutas decoloniais tanto para dentro do Brasil quanto para fora. Super recomendo a leitura.

    Já a autora Isadora Gonçalves França apresenta uma importantíssima análise sobre o papel dos oligopólios de comunicação de massa no Brasil e a sua peculiar criminalização das lutas populares. O caso em tela é o dos protestos de 2013 e o papel dos black blocs. França demonstra como os corpos de preto nas manifestações, que serviam de escudo para proteger os manifestantes da violência policial, foram tratados como inconsequentes e taxados como vândalos pela grande mídia. Esse discurso caminha junto com a exigência de um Estado mais punitivista para com quem se rebela. Isadora faz uma pesquisa ímpar, sobretudo para quem tem interesse em saber mais profundamente sobre processos de criminalização de manifestantes praticados sob a estadolatria. Ademais, a autora parte de um quadro teórico decolonial e anarquista, nada peculiar nessa academia casagrandista.

    O quarto artigo dessa edição é de Lara Sartorio Gonçalves e Mariane Silva Reghim, diferentes dos demais, elas não se prenderam aos acontecimentos de 2013, mas partiram dele para pensar em outras manifestações que juntos configuram o status quo de divisão entre esquerda e direita no Brasil.

    Na segunda parte da edição estão transcrições de um seminário que organizamos sobre os dez anos das manifestações de 2013. Nessa ocasião, convidei diferentes militantes e pesquisadores que participaram dos protestos daquele ano e contribuíram para um pensar anarquista sobre os acontecimentos.  A ideia era ouvir e aprender com  pessoas de diferentes cidades do país. Assim, dividimos em dois dias. No primeiro, tivemos a participação de Fouthine Marie (coletiva Anarcofeminista Insubmissas), Rafael Saddi (prof. do Dpt. de História da UFGO) e Jessica Ellen da Rocha Silva (Profa. e militante da FOB/Terra Liberta - Ceará). No segundo dia tivemos como debatedores: Clayton Preto Rodrigues (prof. da UFOB, Anarco-individualista, abolicionista penal, ativista do amor livre); Victor Khaled (Militante da FARJ e coordenador do ITHA); Vicente Mertz (Doutorando em Antropologia na Universidade de Lisboa). O debate completo está disponível no canal do CPDEL/UFRJ nos seguinte links: 1) primeiro debate: https://www.youtube.com/live/4sRPiQTOa8Q?si=qJgMukKTte_TAxb6; 2) segundo debate:  https://www.youtube.com/live/3Ibcn51F4rU?si=ecccHAO7QahGOB9i.

    Nesse número seguem as duas intervenções das mulheres – Fouthine e Ellen – do primeiro debate (que ocorreu no dia 21 de junho de 2023) e a transcrição na íntegra do segundo debate (que ocorreu exatamente uma semana depois no dia 28 de junho de 2023). Foi uma experiência muito gratificante ouvir e aprender com diferentes perspectivas sobre as particularidades de diferentes territórios: São Paulo, Ceará, Porto Alegre, Goiás, Rio de Janeiro, Pelotas, Florianópolis. É um sonho poder publicar as falas de militantes tão importantes e que ajudaram a construir os atos propriamente ou participaram deles como observadores participantes. Aqui não é o academicismo eurocentrado, casagrandista e paulisto-cêntrico que molda nossas análises, muito ao contrário, são os militantes que possuem valor nas suas interações com as pessoas que compõem seus diferentes movimentos sociais autônomos. Assim, completamos esse número da REL.

    Espero que o leitor se agrade com o que deverá ler e tenha acesso as interpretações que fogem da caixinha estadolátrica que vigora nas nossas universidades por intelectuais que escrevem do conforto de suas poltronas de luxo e contra os signos populares.

    Boa leitura! Saudações quilombolas, quizumbeiras, quizombeiras e libertárias!

    Rio de Janeiro, 2 de março de 2023.

    Wallace de Moraes – editor geral da REL.

     

     

     

     

     

     

     

     

     

  • DOSSIÊ EDUCAÇÃO LIBERTÁRIA E/OU DECOLONIAL (PARTE 1)
    v. 5 n. 14 (2023)

    Organizadores:

    Prof. Dra. Ana Paula Massadar Morel;

    Prof. Me. Cello Latini Pfeil;

    Prof. Dr. Guilherme Xavier de Santana

  • Por uma teoria das Ruas
    v. 1 n. 2 (2019)

    Editorial:

    É com enorme prazer que publicamos o segundo número da Revista Estudos Libertários (REL)! 

    Agradecemos a todxs que colaboraram diretamente para que esse trabalho viesse a público. Os membros do conselho editorial, os pareceristas, e mais particularmente, Guilherme Santana, Juan Magalhaes, Isabella Correia, Caroline Lima Dias e Cello Latini que foram fundamentais. O primeiro número teve um enorme impacto. Temos certeza que este número também ajudará a pensar para além da caixinha estadolátrica. 

    Na primeira seção, cujo nome é Versão, Lucas Lemos Walmrath nos brindou com a tradução do “Debunking Democracy”, de Bob Black (Robert Charles Black Jr.) publicado originalmente em abril de 2011 nos EUA. Trata-se de texto absolutamente polêmico e igualmente necessário, cujo principal papel é descontruir o conceito de democracia. Nada mais relevante para os nossos dias onde procuram induzir que o povo se autogoverna, mas na verdade é governado em todo lugar em favor dos proprietários das riquezas materiais. 

    Na segunda seção, destinada a artigos científicos e inéditos, inauguramos com o paper dos historiadores Carlo Romani e Bruno Corrêa de Sá e Benevides, especialistas em história do anarquismo. Suas contribuições para a REL versam sobre a rede dos anarquistas italianos em São Paulo nos primeiros anos do século XX com ênfase especial para o papel dos redatores do periódico La Battaglia. Trata-se de um texto com um rico debate historiográfico, mergulhando fundo nos debates atuais sobre o significado das lutas anarquistas naquele momento histórico. Um texto obrigatório para pesquisadores da história do movimento operário brasileiro. 

    O artigo de Felipe Luiz, no campo da filosofia, trata do pensamento de Michel Foucault. A contribuição ímpar do autor diz respeito a utilização de um marco libertário para analisar algumas questões do clássico francês. Assim, de maneira inteligente, Luiz utiliza os conceitos de centro e periferia de Bakunin, mas abordados por Rudolf de Jong, para pensar “uma leitura do método genealógico de Michel Foucault em um marco libertário”. Assim, o estudo constitui-se em importante termo para aqueles que refletem com algumas categorias de Foucault e também não abrem mão dos princípios do anarquismo, aproximando-os. 

    Guilherme Santana e Juan Magalhães buscam com suas pesquisas apresentar um tratado teórico podendo ser aplicado no entendimento dos protestos massivos na América Latina nos anos de 2018/19, bem como de outros momentos históricos. A contribuição dos autores pauta-se na perspectiva de utilização do conceito de “Teoria das ruas” que se contrapõe a “teoria para as ruas”. Destarte, suas propostas partem de categorias de matriz anarquista como ação direta, autogestão, federação e outras com vistas a contribuir para uma chave específica de leitura que jogue luz para as ações autônomas dos governados, sem que sejam tutelados por algum “iluminado”. Para pesquisadores de movimentos sociais e de insurgência e àqueles que querem entender os protestos dos nossos dias, vale demais a leitura.  

    Daniel Santos da Silva com a sua pesquisa busca reparar a invisibilidade da obra da militante, feminista e anarquista, Maria Lacerda de Moura. O resgate da história dessa mulher combativa constitui-se por si só em razão de elogio e motivo para leitura do artigo. Mas para além disso, o autor apresenta um importante debate sobre sua trajetória e impacto de suas teses. Vale a leitura.

    Hamilton Santos no seu artigo retoma um debate já amplo da historiografia sobre a influência da imigração europeia na formação do movimento operário brasileiro durante as primeiras décadas da Primeira República. Trata-se de importante pesquisa para quem quiser se aprofundar sobre o papel de imigrantes europeus, muitos anarquistas, para a organização operária no Brasil. Leitura essencial para estudantes do tema.

    Karime Cheaito traz admirável debate sobre a situação dos refugiados palestinos que migraram para o Líbano a partir dos anos 1940. A autora nos situa quanto a relação existente entre o sistema político libanês, pautado no Confessionalismo, e a forma como os refugiados foram tratados pelo Estado. Com efeito, aprendemos como as relações políticas, econômicas e religiosas estão entrelaçadas também nas disputas do Oriente Médio desde meados do século passado.  

    Neste número da REL inauguramos a seção “Entrevistas”. O primeiro entrevistado é o prof. Rômulo Castro. Perguntamos a ele sobre o processo de nomeação de interventores em diversas instituições federais de ensino pelo atual governo. Também procuramos saber sobre assuntos da atual conjuntura, do papel do petismo, do crescimento do proto-fascismo, das contribuições que uma perspectiva libertária pode oferecer e, por fim, como interpretar os movimentos insurgentes na América Latina de hoje sob o viés libertário. Portanto, o entrevistado nos brindou com maravilhosas reflexões sobre os desafios da atualidade para o movimento combativo.  

    Fechando o segundo volume da Revista Estudos Libertários, na seção Resenhas, Felipe Corrêa (2014) apresenta as principais teses de seu livro “Bandera Negra: rediscutiendo el anarquismo”. O tema do livro é aquilo que podemos chamar de teoria anarquista. A partir de ampla pesquisa acadêmica, Corrêa desenvolve três eixos de análises: “1) Balanço crítico dos estudos de referência do anarquismo; 2) Proposta de nova abordagem teórico-metodológico para os estudos do anarquismo; 3.) Redefinição do anarquismo, (…) tomando por base a produção escrita de mais de 80 autores/organizações anarquistas e a história global do anarquismo em seus quase 150 anos de existência.” Colaboração fundamental para entendimento da história do movimento e das ideias anarquistas.  

    Por fim, resgatamos a letra de um samba eternizado na voz de Clara Nunes que expressa muito bem o objetivo da nossa revista: popular, negra, revolucionária e combativa. Desejamos uma boa leitura dos artigos e que eles sirvam para inspirações ágora-fílicas!  Saudações libertárias!

  • Ágora-filia em Questão
    v. 1 n. 1 (2019)

    Editorial:

    É com enorme prazer que anunciamos o primeiro número da Revista Estudos Libertários (REL)! Trata-se da concretização de um sonho coletivo. Queríamos poder contar com uma revista acadêmica de orientação libertária que permitisse espaço para diversos pesquisadores que teimam em enveredar pelo caminho do amor incondicional à liberdade e à igualdade. Muitas revistas tradicionais, embebidas pelo fenômeno da estadolatria, não estão dispostas a aceitar estudos que critiquem radicalmente o Estado, o capitalismo, suas hierarquias, autoritarismos e discriminações sociais. 

    No sentido oposto, a REL busca abrir caminho para reflexões autônomas, seja com base nos conceitos anarquistas como: autogoverno (autogestão), ação direta, propaganda pelo fato, federalismo, horizontalidade, autonomia, emancipação social, ajuda mútua, autodeterminação dos povos dentre outros; e/ou seja focando nas lutas dos governados e de seus movimentos coletivos combativos, insurgentes, revolucionários, por fora da institucionalidade. No interior de todas essas discussões, a REL prima pela crítica mais contundente possível a toda forma de racismo, patriarcalismo, homofobia, xenofobia, de exploração econômica de uns sobre outros, aquilo que chamamos por governanças sociais. Toda forma de hierarquia social, autoritarismo, desigualdade social, exercício da força para opressão, capitalismo, estatismo ou estadolatria, será combatida aqui. Também incentivamos “a criação destrutiva” (como dizia Bakunin), com vistas a criar o novo. 

    Sob uma perspectiva anarquista, todo avanço científico e tecnológico é resultado do trabalho coletivo de um sem número de pessoas, como defende Kropotkin. Esse número da REL não foge a essa regra. Todavia, é importante aqui agradecer a todas e todos que colaboraram diretamente para que esse trabalho viesse a público. Os membros do conselho editorial, os pareceristas, que prontamente atenderam nossos pedidos, e mais particularmente, Guilherme Santana, Juan Magalhaes, Maria Luiza de Freitas, Isabella Correia, Mag e Antonia Pires (no início dos trabalhos) foram fundamentais. Por fim, agradecemos também aos autores que confiaram no nosso trabalho, enviando artigos e resenhas para publicação na primeira edição histórica. Desejamos que a REL tenha vida longa. 

    Os artigos desse primeiro número são de extrema qualidade e tratam exatamente daquilo que pensávamos inicialmente, isto é, de uma “teoria das ruas e não de uma teoria para as ruas”. Esse deve ser um pilar fundamental das perspectivas das nossas análises.

    A revista está composta por três seções. A primeira tem o nome de Versão e trata de artigos publicados em outras línguas, os quais julgamos importante traduzir para ampliar sua leitura ao público de língua portuguesa. A segunda seção é destinada a artigos científicos. A terceira diz respeito a resenhas, entrevistas e notas de pesquisas. 

    Além disso, primamos pela pluralidade e pelo internacionalismo. Seguindo este diapasão, neste primeiro número publicamos artigos de diversos campos das ciências humanas. Temos análises típicas das áreas de Antropologia, Ciência Política, Sociologia, História, Filosofia e Direito. Em comum, todas militam no campo libertário e, portanto, analisam os seus respectivos temas por um viés por fora do mainstream. 

    Nosso primeiro artigo, inaugurando a seção Versões da REL, é de autoria de Francis Dupuis-Déri, professor da Université du Québec à Montréal (UQAM), com o título “Quem tem medo do povo? – o debate entre ágora-fobia política e ágora-filia política”. Nesse artigo, o cientista político canadense faz uma discussão teórica/histórica sobre aqueles que têm medo da participação popular na escolha dos rumos políticos/organizacionais de suas próprias vidas e aqueles que acreditam na capacidade de autogoverno do povo. Daí sua proposta de dois novos conceitos: 1) ágora-fobia política (aqueles que rejeitam a participação popular direta na política) e ágora-filia política (aqueles que defendem que o povo deve ter as rédeas dos destinos políticos em suas próprias mãos, sem necessidade de representantes). O autor, especialista em discussão de gênero e do papel dos Black Blocs, enfatiza como intelectuais desde tempos imemoriais se opuseram à participação do povo nos assuntos políticos, fato que aconteceu com mulheres, negros e não proprietários, por exemplo. Com efeito, apresenta os argumentos de ambos os lados para defender suas teses. Além disso, Dupuis-Déri utiliza o conceito “bege” para se referir aos brancos, desconstruindo essa criação dominadora com sentido de pureza, limpeza etc a uma raça que também tem cor. 

    O racismo ainda tem raízes muito profundas, persistentes nas nossas sociedades no século XXI. A luta contra a discriminação racial é um dever de todos os libertários. Thiago David Stadler e Naiara Krachenski estruturaram um artigo de extrema relevância para essa luta. A partir da tríade história – colonialismo – epistemologia, com base nas reflexões de Aimé Césaire e Frantz Fanon, dois intelectuais negros, Stadler e Krachenski jogaram luz sobre as relações que “forjaram uma epistemologia que foi utilizada para impor a violência e justificar os abusos cometidos em solo colonial.” Trata-se de uma pesquisa que contribui sobremaneira no entendimento de como a experiência colonial contemporânea forjou as estruturas político-sociais no Ocidente. Nos dizeres dos autores, o objetivo da pesquisa é descortinar a epistemologia ocidentalizada dominante para entendermos como as críticas iniciadas por Fanon e Césaire podem auxiliar num fazer histórico e filosófico mais descolonizado. 

    Ao longo da História, algumas lutas serviram como inspiração para os movimentos libertários no mundo. Foram os casos da Comuna de Paris, das Revoluções espanhola e mexicana, das greves gerais, das ocupações de terras, das formações de resistências das mais diversas. Duas grandes referências para o pensamento anarquista da passagem do século XX para o XXI foram as lutas dos indígenas de Chiapas e dos curdos, na Turquia e na Síria. Esses temas serão tratados pelos artigos de Ana Paula Morel (sobre o zapatismo) e Alexandre Mendes, Patrick Saigg e Paolo Ricci de Azevedo (sobre o zapatismo e a luta curda). Ambos os trabalhos enfocam aspectos importantes das lutas por autonomia. Enquanto Morel privilegia aspectos caros aos estudos antropológicos; Mendes, Azevedo e Saigg olham sob o prisma do Direito.

    É mister salientar que, desde 1994, a luta genuinamente popular e indígena de Chiapas, no sul do México, tem se tornado uma das principais referências de ação direta e autogoverno para libertários. O artigo de Ana Paula Morel é fruto de pesquisas de campo entre 2013 e 2017, sendo de fundamental importância para entender por dentro os meandros da ação direta indígena na América e em particular sobre o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) e suas bases de apoio. O trabalho foi guiado por um viés libertário, tendo em vista que a autora destaca e aponta como positiva a autonomia indígena diante das instituições constituídas no México. Aliás, do ponto de vista histórico, os indígenas sabem muito bem o papel que o Estado, imposto pelos governantes europeus, exerceu sobre suas vidas, determinando muito claramente, aquilo que Achile Mbembe cunhou de necropolítica. Mas, para além disso, Morel associa a autonomia do movimento com a sua relação com a terra, a qual por sua vez está vinculada a toda uma trama de coordenadas que constituem a existência desses povos. Para tanto, ela se vale do conceito de cosmopolíticas. A professora da UFF mostra como a terra é vista como mãe de todos, essencial para a vida e, portanto, o movimento é contra sua transformação em mercadoria. 

    Por sua vez, Mendes, Azevedo e Saigg demonstram como as práticas dos movimentos zapatista e curdo resultam em uma revolução particular sobre a própria ideia de Direito, normalmente entendida como expressão do Estado. Os autores apontam como esses movimentos sociais ressignificaram e contribuíram para um pluralismo jurídico fora do Estado e contra as relações de dominação, opressão e exploração. Trata- se de um artigo que expressa uma revolução para o Direito, porque joga abaixo a centralidade do Estado, característica desse campo. Ao mesmo tempo, atenta contra as hierarquias e autoritarismo, pois os movimentos zapatista e curdo constroem suas relações sem o monopólio daqueles que sabem o “juridiquês” e completamente distantes dos governados. Nessas experiências analisadas pelos autores, membros do próprio povo fazem parte da elaboração de suas regras que porventura prezam pela negação do penalismo, típico do direito estatal. 

    No interior de estudos sobre o sindicalismo, um tema clássico da sociologia do trabalho, Selmo Nascimento da Silva apresenta seu contundente artigo intitulado “O sindicalismo revolucionário: suas origens, princípios e programa”. Ao fazê-lo, encara a polêmica do papel do sindicato para a revolução. Em tempos de sindicalismo amorfo e subordinado, cuja perspectiva da conciliação de classe masoquista tem sido prioritária, a pesquisa de Da Silva busca resgatar lutas fundamentais ligadas, no qual os interesses da classe que vive do trabalho eram prioritários. O estudo corrobora para uma leitura anarquista sobre o papel do sindicalismo revolucionário no Brasil, combatendo teses em contrário. Ao descrever o histórico da AIT (Associação Internacional dos Trabalhadores), resgatando seu papel, princípios e polêmicas, o sociólogo produz uma enorme contribuição para o conhecimento dessas contendas através de amplo debate bibliográfico, fundamental para pensarmos nossa atualidade política. 

    Talvez poucos historiadores saibam que muitos dos princípios defendidos pelos anarquistas foram aplicados nos movimentos de contestação dos governados na década de 1910 no Brasil. O cientista político Nildo Avelino, com o seu artigo “Cenas do Agir Anárquico”, colabora para uma reflexão bastante instigante, rememorando o significado daqueles movimentos. Debatendo com referencial teórico de Charles Tilly e Michel Foucault, Avelino aborda três momentos históricos do movimento anarquista, a saber: 1917, 1918 e 2013. O autor observa como esses contextos foram permeados pelos mesmos tipos de “performance coletiva”. Por si só, a comparação dos movimentos dos trabalhadores de 1917 e 1918 com o de 2013 constitui um feito extraordinário para entendermos as agitações dos governados no Brasil. Ademais, Avelino identifica um eixo comum, muito caro ao movimento anarquista, a saber: as opções pela horizontalidade, organização anti-hierárquica e ação direta, sendo esta última o eixo principal do “agir anárquico”. Esse é um belo artigo para entendermos as lutas populares e autônomas no Brasil para além de monopólios de partidos políticos e seus burocratas. 

    Por fim, os artigos de Pedro Guilherme Freire e de Bruno Corrêa de Sá e Benevides mostram o quão são importantes a literatura, a poesia e a cultura de modo geral para a luta anarquista. O artigo “A República sem poetas: a arte de vanguarda na contrarrevolução Russa”, de Pedro Guilherme Freire, manifesta o papel exercido por diferentes governos no controle e ataque à liberdade dos poetas revolucionários. A máxima histórica anarquista, segundo a qual é papel do Estado, seja ele qual for, coibir a luta emancipatória e revolucionária para garantir a ordem e os interesses dos governantes, é amplamente comprovada com a pesquisa de Freire. Os “revolucionários” russos que assumiram o poder passaram a perseguir seus opositores e em particular a cultura underground, insubmissa e contestatória. Os anarquistas constituíram um dos principais alvos dessas perseguições. Freire prova como o lema “todo poder aos sovietes” foi suplantado por uma idolatria ao governante da hora. Logo no início do artigo, ele utiliza a expressão: os poetas contra o Estado, que exemplifica o teor do trabalho. As reflexões de Vladimir Maiakóvski perpassam por toda a análise, servindo de eixo para justificar suas conclusões.

    Nos últimos tempos, uma corrente da historiografia tem privilegiado o resgate de atuações importantes de personagens que contribuíram para a construção de um pensamento/ação/postura. Em particular, algumas pesquisas resgataram o papel que determinados militantes anarquistas exerceram na construção do campo libertário. Foi o caso de Neno Vasco, Oreste Ristori, Edgard Lourenroth e outros. É nessa perspectiva que se insere o artigo “Não mais governos, nem reis!: a literatura rebelde e libertária de Angelo Bandoni”, de Bruno Corrêa de Sá e Benevides. Seu objetivo foi discutir o desempenho militante exercido por Bandoni para o movimento anarquista, enquanto poeta que viveu na primeira metade do século XX em São Paulo. Benevides comenta como suas poesias publicadas na imprensa libertária paulista serviram a esse propósito. O historiador, como um bom biógrafo, também reconstrói o contexto vivido pelo Bandoni, ao analisar suas obras. 

    Fechando o primeiro volume da Revista Estudos Libertários, na seção Resenhas, Guilherme Santana comenta o livro “2013 – Revolta dos Governados: ou para quem esteve presente, Revolta do Vinagre”, de Wallace de Moraes. Santana descreve as teses e metodologia empregadas, discutindo seu quadro teórico com questões da empiria dos protestos de 2013, os maiores da história brasileira e que tiveram um grande componente libertário. 

    Por fim, resgatamos a letra do samba da mangueira de 2019 que expressa muito bem o objetivo da nossa revista: popular, negra, revolucionária e combativa (tudo no feminino). Desejamos uma boa leitura dos artigos e que eles sirvam para inspirações ágora-fílicas! Saudações libertárias!