Edições anteriores

  • DOSSIÊ EDUCAÇÃO LIBERTÁRIA E/OU DECOLONIAL (PARTE 2)
    v. 7 n. 16 (2024)

    EDITORIAL:

    É com enorme prazer que anunciamos a publicação da segunda parte do dossiê sobre “Educação Libertária e Decolonial” da Revista Estudos Libertários da UFRJ. Essa edição traz uma grande diversidade de temas contracoloniais, decoloniais, antirracistas, antissexistas, anticapitalistas e antiestadolátricos em torno da educação libertária. 

    Abrimos este número com o artigo: “EDUCAÇÃO POPULAR, PEDAGOGIA SOCIAL E FORMAÇÃO DE EDUCADORES SOCIAIS NO BRASIL E COLÔMBIA” dos autores Alfonso Torres Carrillo e Fernanda Dos Santos Paulo. O texto traça um comparativo bastante interessante entre espaços que buscam a construção de uma educação popular e por fora da formalidade no Brasil e na Colômbia. Sugerimos a leitura. 

    O segundo artigo de Cláudia Santos e Carla Trindade, cujo título é “ABORDAGENS POSSÍVEIS PARA UMA EDUC(AÇÃO) DECOLONIAL POR VIR” traz para o centro do debate uma crítica forte à colonialidade existente no campo da educação tradicional, utilizando autores clássicos do campo decolonial como Aníbal Quijano, Maldonado-Torres, Walter Mignolo. As autoras também abordam as teses de intelectuais como Franz Fanon e Paulo Freire e aproveitam para propor a subversão dos hábitos pedagógicos construídos pelo colonialismo, contribuindo assim para a construção de uma pedagogia decolonial. 

    O terceiro texto intitulado “Colar de Ixtle: revolução e educação em Ricardo Flores Magón” foi escrito por Luciana Eliza dos Santos e João Francisco Migliari. Os autores destacam a trajetória militante, política e pedagógica de um dos principais personagens da Revolução Mexicana de 1910. O texto resgata e comenta alguns escritos importantes de Magón no periódico Regeneración, mostrando a influência que Ferrer i Guardia - pedagogo catalão, anarquista e o principal articulador da Escola Moderna - teve em sua trajetória no sentido de integrar o tema da educação dentro do processo revolucionário. Combater a educação liberal vigente e que excluía a crítica ao sistema, era fundamental para Magón e outros participantes ativos do movimento que ocorreu no México no início do século XX. Nesse sentido, a educação seria a base para questionar as instituições, a colonização, dentre outras questões, postas pelo pensamento anarquista.

    “OS CORPOS NEGROS DOS TRABALHADORES QUE TRANSITAM NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE JOVENS E ADULTOS - PROEJA” é o título do quarto artigo que fora escrito por Islen Barbosa Machado, Rodrigo Trevisano Barros e Wayza Andrade Verta. O texto traz uma problemática recorrente no ambiente da escola pública e narra especificamente tal questão na modalidade educação profissional de jovens e adultos. O problema tratado no artigo busca um aprofundamento do letramento étnico-racial e toda a discussão que envolve o racismo no cotidiano entre jovens estudantes, negros, pobres e que moram em periferias. Os autores consideram a linguagem escolar muito distanciada da realidade da classe trabalhadora que frequenta as turmas de PROEJA. No desenrolar do texto há um intenso debate que procura avançar para a edificação de uma educação antirracista, conectando com a realidade dos estudantes-trabalhadores, e narrando suas dificuldades e percalços diários dentro e fora da escola. 

    O quinto artigo é de autoria de Keo Silva e se chama “A linguagem como campo de batalha: o pajubá como crítica anti-colonial”. O texto também busca uma alternativa pedagógica e faz profunda crítica epistêmica ao modelo atual de educação. Silva também aponta em seu texto um caráter de desobediência acadêmica, resgatando a teoria decolonial e autores correlatos que fazem apontamentos que vão além do colonialismo educacional, sob o qual fomos formados nas universidades e escolas formalizadas. 

    “Pode a arte-educação na Fundação Casa falar?” é o sexto artigo dessa edição e tem João Rodrigo Vedovato Martins como autor. O texto de Martins é riquíssimo pois busca conjugar um diálogo entre arte, autonomia e liberdade para debater com jovens infratores e que estão enclausurados na Fundação Casa. A partir dos estudos sobre as oficinas de arte, o autor propõe uma reflexão extremamente urgente sobre o modelo educacional destinado para esses jovens. 

    O artigo de Tássio Acosta intitulado “A escola é nossa inimiga! (conversações anarquistas com uma criança de 9 anos de idade)” é interessante e inovador, pois baseia-se em conversas com uma criança em idade escolar e as reflexões que ela coloca para um adulto. Essas conversas nos levam a problematização da escola desde sua raiz. Para tanto, Acosta se apoia na pedagogia libertária, pois historicamente os anarquistas propõem uma educação que deve formar um novo ser humano, emancipado que pode extinguir as classes e o Estado. 

    O texto que fecha esse dossiê é da autoria de Pedro Henrique Prado da Silva, cujo título se chama “CIÊNCIA E EDUCAÇÃO DOS CORPOS DA INFÂNCIA: CONCEPÇÕES NO IDEÁRIO ANARQUISTA”. Silva traz como destaque a trajetória militante e intelectual de um dos maiores nomes da história da pedagogia libertária: o catalão Francisco Ferrer i Guardia. O autor além de mostrar fatos importantes como a fundação da Escola Moderna na qual Ferrer i Guardia é um dos protagonistas, destaca a influência que o pedagogo possuía de correntes como o positivismo e relata o quão o ideário cientificista esteve na sua produção e militância dentro e fora da educação. 

    Por fim, agradecemos aos organizadores desse dossiê: Ana Paula Morel e Guilherme Santana, aos pareceristas anônimos, as editoras assistentes e de layout Gabriely Saboia e Ana Beatriz Plácido, bem como as autoras e aos autores e por confiarem na nossa revista e por tornarem esse número possível, apesar das dificuldades de saúde que o editor geral teve nesse interregno. 

    Que venham novas edições! 

    Saudações quilombolas, decoloniais, contracoloniais e libertárias!

  • Manifestantes em 2013

    DOSSIÊ SOBRE A REVOLTA DOS GOVERNADOS DE 2013 NO BRASIL
    v. 6 n. 15 (2024)

    EDITORIAL:

    REFLEXÕES A RESPEITO DO DOSSIÊ SOBRE A REVOLTA DOS GOVERNADOS DE 2013 NO BRASIL

    Dez anos depois dos maiores protestos da história brasileira (2013), nos quais os governados saíram às ruas em todas as capitais do país e até em alguns bairros, como no caso do Rio de Janeiro, ainda existe uma disputa de interpretações sobre seu significado.

    Curiosamente, a esquerda e a direita negam os principais símbolos dos protestos e na campanha eleitoral permanente (que estão imersos até as profundezas de suas existências) uma acusa a outra de ter determinado as ações dos manifestantes que quebraram vidraças de bancos, de sedes de prefeituras, de casas legislativas, criticaram gastos com estádios de futebol, com a copa do mundo da FIFA, a vinda do Papa, dentre outras ações diretas. Esquerda e direita, definitivamente, não compreendem os valores dos insurgentes populares, que chamo por quizumbeiros, muitos deles descendentes de quilombolas.

    Esse dossiê está dividido em duas partes. A primeira, trata de artigos que analisam as manifestações de 2013 exclusivamente e/ou inclusivamente. A segunda parte é fruto do seminário que produzimos no âmbito do canal do CPDEL/UFRJ no YouTube por conta do aniversário de dez anos da insurgência popular.

    O primeiro artigo é de minha autoria e está no contexto de uma crítica daquilo que chamei por “paulisto-centrismo”, como parte do “casagrandismo” que, por sua vez, constitui-se como expressão máxima do eurocentrismo no Brasil. Explico que tanto a esquerda quanto a direita estão embebidas por essas abordagens ao demostrarem um profundo amor pelas instituições coloniais e um horror aos protestos de negros, indígenas, anarquistas, revolucionários e pobres em geral.

    O segundo artigo é de Cristina Antonioevna Dunaeva e de Bartira de Albuquerque Dias denominado: “Memórias de Junho de 2013 no Cariri Cearense”. Fugindo do paulisto-centrismo e da estadolatria, as autoras resgatam as manifestações de 2013 no interior do Ceará, encenando com a importância das lutas autonomistas e das práticas de organização política e cultural anarquista e libertária. Trata-se de artigo absolutamente importante que joga de pernas para o ar o eurocentrismo, contribuindo para a memória das lutas decoloniais tanto para dentro do Brasil quanto para fora. Super recomendo a leitura.

    Já a autora Isadora Gonçalves França apresenta uma importantíssima análise sobre o papel dos oligopólios de comunicação de massa no Brasil e a sua peculiar criminalização das lutas populares. O caso em tela é o dos protestos de 2013 e o papel dos black blocs. França demonstra como os corpos de preto nas manifestações, que serviam de escudo para proteger os manifestantes da violência policial, foram tratados como inconsequentes e taxados como vândalos pela grande mídia. Esse discurso caminha junto com a exigência de um Estado mais punitivista para com quem se rebela. Isadora faz uma pesquisa ímpar, sobretudo para quem tem interesse em saber mais profundamente sobre processos de criminalização de manifestantes praticados sob a estadolatria. Ademais, a autora parte de um quadro teórico decolonial e anarquista, nada peculiar nessa academia casagrandista.

    O quarto artigo dessa edição é de Lara Sartorio Gonçalves e Mariane Silva Reghim, diferentes dos demais, elas não se prenderam aos acontecimentos de 2013, mas partiram dele para pensar em outras manifestações que juntos configuram o status quo de divisão entre esquerda e direita no Brasil.

    Na segunda parte da edição estão transcrições de um seminário que organizamos sobre os dez anos das manifestações de 2013. Nessa ocasião, convidei diferentes militantes e pesquisadores que participaram dos protestos daquele ano e contribuíram para um pensar anarquista sobre os acontecimentos.  A ideia era ouvir e aprender com  pessoas de diferentes cidades do país. Assim, dividimos em dois dias. No primeiro, tivemos a participação de Fouthine Marie (coletiva Anarcofeminista Insubmissas), Rafael Saddi (prof. do Dpt. de História da UFGO) e Jessica Ellen da Rocha Silva (Profa. e militante da FOB/Terra Liberta - Ceará). No segundo dia tivemos como debatedores: Clayton Preto Rodrigues (prof. da UFOB, Anarco-individualista, abolicionista penal, ativista do amor livre); Victor Khaled (Militante da FARJ e coordenador do ITHA); Vicente Mertz (Doutorando em Antropologia na Universidade de Lisboa). O debate completo está disponível no canal do CPDEL/UFRJ nos seguinte links: 1) primeiro debate: https://www.youtube.com/live/4sRPiQTOa8Q?si=qJgMukKTte_TAxb6; 2) segundo debate:  https://www.youtube.com/live/3Ibcn51F4rU?si=ecccHAO7QahGOB9i.

    Nesse número seguem as duas intervenções das mulheres – Fouthine e Ellen – do primeiro debate (que ocorreu no dia 21 de junho de 2023) e a transcrição na íntegra do segundo debate (que ocorreu exatamente uma semana depois no dia 28 de junho de 2023). Foi uma experiência muito gratificante ouvir e aprender com diferentes perspectivas sobre as particularidades de diferentes territórios: São Paulo, Ceará, Porto Alegre, Goiás, Rio de Janeiro, Pelotas, Florianópolis. É um sonho poder publicar as falas de militantes tão importantes e que ajudaram a construir os atos propriamente ou participaram deles como observadores participantes. Aqui não é o academicismo eurocentrado, casagrandista e paulisto-cêntrico que molda nossas análises, muito ao contrário, são os militantes que possuem valor nas suas interações com as pessoas que compõem seus diferentes movimentos sociais autônomos. Assim, completamos esse número da REL.

    Espero que o leitor se agrade com o que deverá ler e tenha acesso as interpretações que fogem da caixinha estadolátrica que vigora nas nossas universidades por intelectuais que escrevem do conforto de suas poltronas de luxo e contra os signos populares.

    Boa leitura! Saudações quilombolas, quizumbeiras, quizombeiras e libertárias!

    Rio de Janeiro, 2 de março de 2023.

    Wallace de Moraes – editor geral da REL.

     

     

     

     

     

     

     

     

     

  • DOSSIÊ EDUCAÇÃO LIBERTÁRIA E/OU DECOLONIAL (PARTE 1)
    v. 5 n. 14 (2023)

    Organizadores:

    Prof. Dra. Ana Paula Massadar Morel;

    Prof. Me. Cello Latini Pfeil;

    Prof. Dr. Guilherme Xavier de Santana