A narrativa histórica em Zulmira Ribeiro Tavares: “Cortejo em abril”
DOI:
https://doi.org/10.35520/flbc.2020.v12n23a33295Palavras-chave:
ficção contemporânea brasileira, narrativa e história, Zulmira Ribeiro Tavares.Resumo
Este artigo apresenta uma discussão sobre o conto “Cortejo em abril”, da paulistana Zulmira Ribeiro Tavares, publicado em livro homônimo, em 1998, pela Companhia das Letras. O enfoque analítico debruça-se sobre a figuração histórica do cortejo fúnebre de Tancredo Neves no conto em questão. Partindo da perspectiva teórica do filósofo húngaro György Lukács, elabora-se um debate entre Literatura e História, pondo em destaque as contradições existentes nas relações sociais figuradas no conto. O tom irônico e sarcástico nas narrativas de Zulmira Ribeiro Tavares, que tem como objetivo ridicularizar e desmascarar a alienação de uma classe, indica uma herança machadiana. Em “Cortejo em abril”, essa finalidade entra em confluência com o momento histórico vigente – a morte e o cortejo fúnebre de Tancredo Neves e a redemocratização no Brasil –, trazendo à tona também questões políticas para a reflexão do leitor. O conto mostra como a figura de Tancredo era importante e capaz de influenciar o cotidiano das pessoas, tanto de camadas mais baixas quanto mais altas, dado que a população brasileira depositava nele a esperança de uma fase mais positiva na política brasileira e na vida dos brasileiros, especialmente os mais pobres.Referências
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