Prelúdio a um genocídio: memória, rumor e teor testemunhal na narrativa de Scholastique Mukasonga
Resumo
O artigo analisa o compromisso com a memória tutsi e o teor testemunhal presente na narrativa da escritora e sobrevivente ruandesa Scholastique Mukasonga. No primeiro momento, analisamos o contexto de surgimento de uma literatura decorrente do genocídio, dando destaque ao trabalho (quase etnográfico) de inscrição da cultura tutsi e da memória das vítimas e sobreviventes empreendido por Mukasonga. Em seguida, passamos a analisar como a autora constrói em sua narrativa o relato de teor testemunhal, ao mesmo tempo em que revisa, via literatura, os rumores e os discursos – nascidos do período colonial e mantidos durante a independência do país – que culminaram na catástrofe de 1994.
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