Um labirinto de solidão: o romance dentro do romance em Nove noites (2002)
Resumo
Este artigo analisa a construção romanesca de Nove noites (2002), de Bernardo Carvalho, procurando desvelar a ocorrência de uma articulação conflitante entre as instâncias de narração e de narrativa. Esses níveis figuram-se na presença de dois romances dentro de um, o primeiro escrito pelo autor e o segundo pelo eu-narrador. A insaturação dessa dissonância ressoa o conflito entre ficção e realidade, presente na representação da procura pela identidade, a qual se revela um encontro de diferenças. Analisa-se a recusa de Bernardo Carvalho em assumir um caráter nacional como projeto literário em que se reconhece a proeminência da invenção para a configuração artística, e não como rejeição dos problemas atinentes à realidade em que a escrita se insere. Esse campo de polêmicas constitui a força de Nove noites, romance que constrói uma poética da enunciação literária pelo mise-en-abyme.
Referências
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