Um labirinto de solidão: o romance dentro do romance em Nove noites (2002)

Autor

  • Cláudia Ayumi Enabe

Abstrakt

Este artigo analisa a construção romanesca de Nove noites (2002), de Bernardo Carvalho, procurando desvelar a ocorrência de uma articulação conflitante entre as instâncias de narração e de narrativa. Esses níveis figuram-se na presença de dois romances dentro de um, o primeiro escrito pelo autor e o segundo pelo eu-narrador. A insaturação dessa dissonância ressoa o conflito entre ficção e realidade, presente na representação da procura pela identidade, a qual se revela um encontro de diferenças. Analisa-se a recusa de Bernardo Carvalho em assumir um caráter nacional como projeto literário em que se reconhece a proeminência da invenção para a configuração artística, e não como rejeição dos problemas atinentes à realidade em que a escrita se insere. Esse campo de polêmicas constitui a força de Nove noites, romance que constrói uma poética da enunciação literária pelo mise-en-abyme.

Bibliografia

BEAL, Sophia. Becoming a character: an analysis of Bernardo Carvalho’s Nove Noites. Luso-Brazilian Review, 2005, vol. 42, no 2, p. 134-149.

CARVALHO, Bernardo. Nove noites. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.

GREIMAS, Algirdas; COURTÉS, Joseph. Dicionário de semiótica. São Paulo: Editora Cultrix, 1983.

KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2021.

MARQUES, Ivan. O rastro do caracol: o dilema da identidade em Bernardo Carvalho. Teresa, 2010, no 10-11, p. 238-250.

MELLO, Jefferson Agostini. Duplicidades e contradições em Bernardo Carvalho: o estético e o político; o universal e o particular. Revista Faac, 2012, vol. 2, no 2, p. 131-144.

VIEIRA, Yara Frateschi. Diante do espelho: refração e iluminação em Bernardo Carvalho. Portuguese studies, 2005, vol. 21, p. 210-223.

Opublikowane

2022-11-29