Viagem Sonho Vertigem: nos Passos de Nadja e André Breton
Abstract
Viagem, sonho e vertigem designam, cada uma das três palavras à sua maneira, o que nesse trabalho tomaremos como uma hipótese de delineação de um conceito de ensaio. Elas abrangem em suas cargas semânticas um teor que revela demasiadamente o encontro com o novo, o contorno súbito da transição entre o espaço de ordem e desordem, a fluidez da dinâmica de consciência da linguagem diante dos espaços não imaginados, não vividos, nunca antes pensados. A viagem, com seus itinerários, em maioria, pré-definidos, e ao mesmo tempo inesperados, faz-se na tensão de conseguir cumpri-los à risca. Entretanto, por venturas quaisquer, os itinerários dissipam-se abrindo espaço para constantes interdições do planejado -- não é preciso prestar nenhuma conta - encontrando o novo no que já seria novo. Viajar pressiona o homem em direção ao anonimato dos trens, dos hotéis, dos cafés, dos passeios. Esses espaços espelham o ensimesmamento do eu e, ao mesmo tempo, o abrir-se em risco ao outro. A constante possibilidade de mudança do que já esteve anteriormente estabelecido, sem contas a prestar, é o teor desse trajeto que segue não apenas os horários das estações, mas sim, um percurso interior da memória do viajante, do leitor e da própria literatura. Em Vertigem romance de W. G. Sebald a viagem é fixada por um circuito de ruínas em “ziquezague” 1 , que se formula na própria linguagem, na disposição dos acontecimentos narrados, no encontro do eu com o outro e também consigo. O ziguezague faz-se pela e na vertigem. O ziguezague faz-se no domínio da vertigem, que é o domínio da falta de domínio, da imprecisão, da profusão de vozes em caos, das múltiplas aparições de gêneros distintos no romance, dentre eles, o que veremos será o ensaio.Literaturhinweise
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