A mais-valia vai acabar, seu Edgar: análise de um projeto de teatro didático no Brasil
Abstract
Este trabalho visa analisar como os conceitos de mais-valia e de luta de classes são apresentados didaticamente na obra A mais-valia vai acabar, seu Edgar, de Oduvaldo Vianna Filho (1960), e como essa peça didática contribuiu para a concretização de um projeto de teatro didático e popular no Brasil às vésperas da Ditadura Militar de 1964. Para isso, propomos definir alguns aspectos estruturantes do teatro épico de Brecht e Piscator e analisar o contexto não-dramático que antecedeu a encenação de Mais-valia e que alicerçou o teatro épico brasileiro, à luz da obra teórica A hora do teatro épico no Brasil, de Iná Camargo Costa (1996). Através da apresentação didática da exploração pela mais-valia e da luta de classes em torno da jornada de trabalho, valendo-se de recursos épicos teorizados no Seminário de Dramaturgia e distanciando-se do teatro mercadológico do Arena, Vianinha aprofunda a orientação política e pedagógica da peça de Revolução na América do Sul, de Boal (1960), e efetivamente cria um palco-laboratório para dialogar com as camadas populares, concretizando a premissa que o distanciou do Arena, e um movimento de teatro político que coloca em cena a luta de classes para o público popular. Assim, através deste palco-laboratório ou científico (ROSENFELD, 1984) e da linguagem, que se torna acessível às camadas populares, a revolução ficaria a um passo e a Mais-valia dificilmente seria ultrapassável em questões estéticas e políticas na cena brasileira.
Palavras-chave: Teatro Político, Peça Didática, Teatro Popular, Mais-valia, Vianinha.
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