Entre relatar a experiência e construir a narração: as transformações do narrador e do ponto de vista na (re)construção do romance de viagens "Mongólia", de Bernando Cravalho
Résumé
Este artigo analisa o romance Mongólia (2003), de Bernardo de Carvalho, sob a perspectiva do paradoxo benjaminiano: a arte de relatar está em vias de extinção ou ainda é possível contar as experiências por meio da narração? Mongólia é um romance de viagens construído por meio de três vozes distintas, que relatam suas experiências e o choque cultural de personagens brasileiras vivendo em território oriental. Assim, utilizamos como suporte teórico as concepções de Mikhail Bakhtin (2000) sobre romance de viagens e polifonia, as análises de Walter Benjamin (1994) e Theodor Adorno (1980) a respeito da narração como (im)possibilidade de relatar a experiência e as contribuições teóricas de Norman Friedman (2002) sobre as mudanças no foco narrativo. Dessa forma, propomos a leitura da obra como um romance de viagens fragmentado que, da relação entre as dificuldades de relatar experiências e construir a narração escrita, tornou-se representativo da literatura brasileira contemporânea.
Palavras-chave: Mongólia; Romance de viagens; Narração, Relatos; Experiência.
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