Amor imaginado: o desejo, a ética e a política
Abstract
O desejo é uma imagem. É o que afirma Giorgio Agamben em “Desejar”. Em outro texto, também reunido em Profanações, o filósofo procurou o ser ou o não ser da imagem (AGAMBEN, 2007). Destes textos, algumas teses: Uma imagem é aquilo que não pode ser comunicado e, tampouco pode se tornar uma propriedade. Todo esforço de comunicar o desejo sem imagem, ou também o inverso disso, é vão. O intervalo entre uma imagem e o seu reconhecimento é o tempo de realização do amor. Com isso, é possível que a experiência do amor consista em um átimo de tempo imensurável e inquantificável. Toda intenção de comunicar o desejo é também uma intenção de comunicar a si mesmo. Se são verdadeiras estas teses, se o amor existe e é impossível, pergunto: Onde a possibilidade de uma paragem do gesto de amor que se realiza no intervalo entre a imagem e o reconhecimento? Onde a possibilidade do amor como paradigma ético e político no tempo em que tudo é imagem e espetáculo? Este intervalo não localizável é o que busco.
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