Transfigurar e sobreviver são lições de Machado a Silviano
Abstract
Publicado ao final de 2016 por Silviano Santiago, o romance Machado trata dos últimos anos de vida de Machado de Assis. Embora estabeleça esse intervalo de tempo, há, ao longo da narrativa, uma ideia de espaço e de tempo descentralizadas, o que permite estabelecer relações com outros momentos históricos. Essas características são possíveis porque o texto, de caráter biográfico, prioriza o formato do romance para permitir um método de leitura das figuras biografadas a partir da potência ficcional. Apresenta-se, dessa maneira, uma narrativa cuja transfiguração é estratégia literária para relacionar a vida e a arte, evidenciando uma escrita literária que passa pelo sensível e pelo corpo do narrador-biógrafo e dos biografados. Com o movimento transfigurativo, a obra tem força para criar multiplicidades ficcionais, construindo uma sobrevivência que se dá no fazer estético potencializando as formas de vida vivíveis ao saturar o real. As várias representações feitas no romance são feitas pela leitura do autor Silviano Santiago, que se coloca no papel de narrador ficcionalizado, estruturando as sobrevivências ao transfigurar narrador, autor e biografados. Traçando relações entre fatos históricos, crítica literária e temas pouco usuais nas biografias de Machado de Assis, como a epilepsia, o autor produz uma ficção reflexiva sobre o próprio ato de narrar uma vida e de compreender a literatura pelas suas dúvidas, aberturas e sugestões.
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