Mercúrio e jornais

Autor

  • Leila Danziger

Abstrakt

Durante muito tempo separei os jornais em que constavam a palavra “nome” ou simplesmente um nome próprio. Retirava todo o texto em volta e o nome pulsava sozinho na página. Mas, tão solitário, não chegava a fazer sentido. Passei a colecionar fragmentos de textos em que a questão era o nome. Cecília Meireles: “de dura inconstância é teu nome feito”; Drummond: “Ouço teu nome, única parte de ti que não se dissolve”; e o que considero a fórmula mais perfeita, extraída de Orides Fontela: “A escolha do nome, eis tudo”. Fiz carimbos com esses e muitos outros textos e passei carimbar os jornais -- com os nomes -- com os versos que falavam do Nome. Articulei então os jornais carimbados em dobras, superposições que construíam outros textos. Me senti como uma espécie de ventríloquo, fazendo jornais e poetas falarem, de certo modo, o que eu queria. É a série mais austera, mais difícil, talvez, mas a que me é mais querida também e acho que a fórmula continua válida: “Nome = Poiesis”. Continuo a procura, do Nome, do Witz romântico (do chiste), de estranhamentos, deslocamentos, capazes de produzir sentido.

Bibliografia

Diários públicos, Espaço Cultural Sérgio Porto, RioArte. Trabalho realizado com o apoio do 7o. Programa de Bolsas RioArte. (Agosto/ Outubro de 2005)

Frascina Francis, Realismo e Ideologia: uma introdução à semiótica e ao cubismo, in: Franscina, Harrison e Perry. Primitivismo, Cubismo e Abstração, São Paulo: Cosac e Naivy Ed, p.162.