O mulato "grego": sobre o "embranquecimento" de Machado de Assis

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  • Maurício Pucu Gonçalves

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Um espectro ronda o escritor Machado de Assis: o espectro do “embranquecimento”. Desde o mal-estar causado , por exemplo, em Sílvio Romero -- um dos principais críticos literários do final do século XIX -- pela influência inglesa em seus trabalhos até o silêncio e/ou desprezo dos atuais movimentos negros, o espaço sócio-ideológico ocupado pelo autor de Memorial de Aires (“o livro mais bem escrito em português que há”1) sempre foi tema conflitante. Não é rara a caracterização de Machado como funcionário público fisiológico, ardiloso burguês e mulato omisso em relação ao abolicionismo. Um intelectual do porte de um Nélson Werneck Sodré, mesmo reconhecendo as qualidades artísticas do autor, também desenhou esse Machado traidor de sua “raça” e de sua classe2 (o filho de Francisco José e Maria Leopoldina nasceu, em 1839, no Morro do Livramento, e pertenceu aos extratos mais baixos da sociedade fluminense.). O porquê desse sistemático ressaibo é o que tentarei explicar. 

Опубликован

2019-03-10

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