"Olha nós aí": uma leitura do Jongo do irmão café, de Wilson Moreira e Nei Lopes

Autor/innen

  • Patricia Soares Paterson Universidade Federal do Rio de Janeiro

Schlagworte:

Diáspora africana, Música popular brasileira, Jongo, Wilson Moreira, Nei Lopes

Abstract

O presente artigo visa investigar a presença da cultura africana na música popular brasileira, buscando, mais especificamente, relacionar alguns traços da região de Congo-angola com o jongo, manifestação que aproxima a dança, o batuque e o aspecto religioso. Pretende-se assim lançar luz sobre a existência de especificidades de cada região do continente africano, as quais, quando em diáspora em função do processo de escravização, sofrem perdas e transformações, gerando novas formas de manifestação, a partir dos encontros em terras brasileiras. Para tanto, toma-se como objeto de investigação o Jongo do irmão café, de Wilson Moreira e Nei Lopes, que ilustra alguns traços do canto e melodia da chamada região Banto, localizada na África central. O refrão do jongo, que faz uma analogia entre o café e o negro escravizado, faz menção ao olhar e ilustra o que não deveria ser deixado de fora, invisível, mas sim considerado como elemento formador da cultura brasileira, não tomado como o estranho e exótico, mas sim como o irmão, o semelhante, a partir do qual a diferença pode surgir enquanto tal.

Autor/innen-Biografie

Patricia Soares Paterson, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutoranda em Teoria Literária pelo PPG em Ciência da Literatura

Literaturhinweise

AFONSO, Eduardo. Negro mesmo, Nei Lopes, 1983, Arquivo do samba. 18/04/2017. In: https://adsamba.blogspot.com/2017/04/negro-mesmo-nei-lopes-1983.html.

AGAWU, Kofi. The Invention of "African Rhythm", Journal of the American Musicological Society. California, V. 48, N. 3, 380-395, 1995.

______. Structural analysis or cultural analysis? Competing perspectives on the “standard pattern” of West African rhythm, Journal of the American Musicological Society. California,V.59, N.1, 1- 46, 2006.

AULETE, Caldas. Dicionário contemporâneo da Língua Portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Delta, 1980. v. 5.

CASTRO, Yeda Pessoa de. Localização e origem da população negra escravizada em território colonial brasileiro: As denominações banto e iorubá, Revista Eletrônica: Tempo-Técnica-Território. Brasília, V.3, N.2, 45-58, 2012.

LOPES, Nei. O negro no Rio de Janeiro e sua tradição musical: partido-alto, calango, chula e outras cantorias. Rio de Janeiro: Pallas, 1992.

______. Enciclopédia brasileira da diáspora africana [recurso eletrônico]. 4. ed. São Paulo: Selo Negro, 2011.

PINTO, Tiago Oliveira. As cores do som: estruturas sonoras e concepção estética na música afro-brasileira, África. São Paulo, N. 22-23, 87-109, 2004.

SANDRONI, Carlos. Feitiço decente: transformações do samba no Rio de Janeiro (1917-1933). Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

SLENES, Robert W. “Eu venho de muito longe, eu venho cavando”: jongueiros cumba na senzala centro-africana”. In: Lara, Silvia Hunold; Pacheco, Gustavo (orgs.), Memória do jongo: as gravações históricas de Stanley J. Stein. Vassouras, 1949. Rio de Janeiro: Folha Seca; Campinas, SP: CECULT, 2007, p. 109-156.

Veröffentlicht

2022-12-14