"Olha nós aí": uma leitura do Jongo do irmão café, de Wilson Moreira e Nei Lopes
Ключевые слова:
Diáspora africana, Música popular brasileira, Jongo, Wilson Moreira, Nei LopesАннотация
O presente artigo visa investigar a presença da cultura africana na música popular brasileira, buscando, mais especificamente, relacionar alguns traços da região de Congo-angola com o jongo, manifestação que aproxima a dança, o batuque e o aspecto religioso. Pretende-se assim lançar luz sobre a existência de especificidades de cada região do continente africano, as quais, quando em diáspora em função do processo de escravização, sofrem perdas e transformações, gerando novas formas de manifestação, a partir dos encontros em terras brasileiras. Para tanto, toma-se como objeto de investigação o Jongo do irmão café, de Wilson Moreira e Nei Lopes, que ilustra alguns traços do canto e melodia da chamada região Banto, localizada na África central. O refrão do jongo, que faz uma analogia entre o café e o negro escravizado, faz menção ao olhar e ilustra o que não deveria ser deixado de fora, invisível, mas sim considerado como elemento formador da cultura brasileira, não tomado como o estranho e exótico, mas sim como o irmão, o semelhante, a partir do qual a diferença pode surgir enquanto tal.Библиографические ссылки
AFONSO, Eduardo. Negro mesmo, Nei Lopes, 1983, Arquivo do samba. 18/04/2017. In: https://adsamba.blogspot.com/2017/04/negro-mesmo-nei-lopes-1983.html.
AGAWU, Kofi. The Invention of "African Rhythm", Journal of the American Musicological Society. California, V. 48, N. 3, 380-395, 1995.
______. Structural analysis or cultural analysis? Competing perspectives on the “standard pattern” of West African rhythm, Journal of the American Musicological Society. California,V.59, N.1, 1- 46, 2006.
AULETE, Caldas. Dicionário contemporâneo da Língua Portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Delta, 1980. v. 5.
CASTRO, Yeda Pessoa de. Localização e origem da população negra escravizada em território colonial brasileiro: As denominações banto e iorubá, Revista Eletrônica: Tempo-Técnica-Território. Brasília, V.3, N.2, 45-58, 2012.
LOPES, Nei. O negro no Rio de Janeiro e sua tradição musical: partido-alto, calango, chula e outras cantorias. Rio de Janeiro: Pallas, 1992.
______. Enciclopédia brasileira da diáspora africana [recurso eletrônico]. 4. ed. São Paulo: Selo Negro, 2011.
PINTO, Tiago Oliveira. As cores do som: estruturas sonoras e concepção estética na música afro-brasileira, África. São Paulo, N. 22-23, 87-109, 2004.
SANDRONI, Carlos. Feitiço decente: transformações do samba no Rio de Janeiro (1917-1933). Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
SLENES, Robert W. “Eu venho de muito longe, eu venho cavando”: jongueiros cumba na senzala centro-africana”. In: Lara, Silvia Hunold; Pacheco, Gustavo (orgs.), Memória do jongo: as gravações históricas de Stanley J. Stein. Vassouras, 1949. Rio de Janeiro: Folha Seca; Campinas, SP: CECULT, 2007, p. 109-156.