Fonogramas Invisíveis: resistência, afeto e produção musical na cauda longa do Spotify

Invisible phonograms: resistance, affect, and music production in spotify's long tail

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DOI :

https://doi.org/10.60001/ricla.v35.n2.10

Résumé

Este artigo apresenta os resultados de uma etnografia digital iniciada em 2018 e desenvolvida ao longo de sete anos com artistas da chamada “cauda longa” do Spotify músicos cujos fonogramas circulam à margem das recomendações algorítmicas e playlists editoriais. A partir de 3.274 entrevistas e análises de mais de 16.000 perfis em 37 países, propõe-se uma investigação crítica sobre os modos de existência, resistência e circulação musical em um ecossistema tecnossocial dominado por lógicas de visibilidade assimétrica. Combinando métodos da antropologia digital, etnomusicologia e teoria do afeto, o artigo trata o fonograma como objeto com vida social (Appadurai), performance liminoide (Turner) e gesto de presença afetiva (Clough, Ahmed). O Spotify é analisado como “não lugar” (Augé), enquanto os artistas revelam táticas de reinvenção, rede e persistência. Lançar uma música para poucos ouvintes, ou mesmo para nenhum, emerge como ato político, criativo e existencial. A escuta marginal, nesse contexto, torna-se forma de ruptura e reencantamento. Esta pesquisa, nascida como TCC e apresentada ao React, revela um campo em expansão, onde a música independente pulsa entre a invisibilidade algorítmica e a reinvenção do sensível. 

 

Palavras-chave: Etnografia digital, fonograma, Spotify, música independente, afeto.

 

Abstract
This article presents the results of a digital ethnography developed over seven years, beginning as an undergraduate thesis in 2018. It explores the lived realities of artists within the “long tail” of Spotify—musicians whose phonograms remain largely unheard, excluded from algorithmic recommendations and editorial playlists. Based on 3,274 interviews and an analysis of over 16,000 artist profiles across 37 countries, the article examines
how music continues to circulate, resist, and create meaning in a technosocial ecosystem shaped by asymmetric visibility. Drawing from digital anthropology, ethnomusicology, and affect theory, the study treats the phonogramas a social object (Appadurai), a liminoid performance (Turner), and an affective gesture (Clough, Ahmed). Spotify is approached as a "non-place" (Augé), where independent artists engage in creative resistance through collaboration, memory, and sonic experimentation. To release music with little or no audience becomes an act of persistence, intimacy, and cultural affirmation. The research affirms that even in marginal zones, music operates as a mode of
existence and transformation. What began as a local question; what happens to the music no one listens to? has grown into an expansive field of inquiry, where sound asserts presence beyond the algorithm.

 

Keywords: Digital ethnography. Phonogram. Spotify. independent music. Affect.

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Biographie de l'auteur

Ollivia Maria Gonçalves, PPGAS/UFSC

Doutoranda do Programa de Antropologia Social da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina.Mestra em Antropologia Social pela UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina e em História e Bens Culturais pela Escola de Ciências Sociais da FGV- Fundação Getúlio Vargas, Graduada em Antropologia Social na UFSC-Universidade Federal de Santa Catarina.Tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em Antropologia Digital , Antropologia do Afeto, Antropologia Sensorial e Antropologia das artes, atuando principalmente nos seguintes temas: etnomusicologia, música, som, paisagens sonoras, fonogramas digitais, digitalização das artes, linguagem multimodal, afetos digitais, cibercultura, etnografia digital, patrimônio digital, memória digitalizada, algorítimos e plataformas de entretenimento e streaming.

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Publiée

2025-12-23

Numéro

Rubrique

Dossiê / Dossier