Libertação e violência: a desumanização do homem pelo próprio homem em A geração da utopia, de Pepetela

Autores

  • André Rezende Benatti
  • Gabriel Ambrósio

DOI:

https://doi.org/10.35520/mulemba.2021.v13nEsp.a51061

Resumo

Este artigo pretende analisar os aspectos que envolvem a desumanização do homem durante o processo de libertação de Angola representados no romance A geração da utopia (2004), de Pepetela. Libertar-se daqueles que nos oprimem sempre é algo que leva tempo, nunca é algo pacífico. Para Hannah Arendt (2004), algoz que encara suas violências como ordem, e que para este não são violências, vê o sujeito oprimido como violento, pois este se rebela contra o sistema imposto como natural pelo algoz. A construção da nação ainda tem complexos problemas que são representados por memórias marcadas pela colonização e a violência pós-independência na vida sociocultural. Não obstante a vontade da libertação, o sentido de ser livre, não inibe o que sucedeu pela força de um sistema com representantes do país. A memória dos guerrilheiros no contexto pós- independência é de extrema importância para o futuro das ex-colônias. Conforme Fanon (1968) em Os condenados da terra, sobretudo, a dificuldade de diálogo entre os homens fazendo estes recorrerem à violência. Pois há um legado mais violento do que a própria emancipação sociocultural e histórica. Para o artigo nos ateremos, além dos teóricos e críticos que estudam a violência como Xavier Crittiez (2009), Walter Mignolo (2003) Santos e Meneses (2009), Achille Mbembe (2016) entre outros, também em teóricos e críticos dos estudos pós-coloniais como Frantz Fanon (1968, 2008), dentre outros.

Biografia do Autor

André Rezende Benatti

Doutor em Letras Neolatinas na UFRJ. Professor Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

Gabriel Ambrósio

Mestrando em Estudos de Linguagens na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Referências

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Publicado

2022-04-14

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Artigos