Breves reflexões sobre a construção de saberes na literatura de autoria feminina senegalesa: o caso da educação da mulher em Mariama Bâ e Fatou Diome

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35520/mulemba.2023.v15n28a56708

Resumo

A produção literária de autoria feminina no Senegal, de acordo com Samb (2017), apresenta um caráter atual, visto que tais textos datam dos anos 1970. Considerada uma das pioneiras em escrever e denunciar a condição feminina em seu país, Mariama Bâ (1929-1981), com seu romance Une si longue lettre (1979), é considerado um precursor em apresentar tradições culturais, como a poligamia, afetam os direitos das mulheres. Além disso, a autora também inova ao denunciar o pouco acesso feminino à escola, denunciando como a educação não era acessível a esse público. Aproximando-se de Bâ, temos, na contemporaneidade, Fatou Diome (1968-) que apresenta, em suas obras, características semelhantes, pois, ao apresentar sua realidade no país colonizador, denuncia como o racismo é um dos fatores para que a França não seja vista como uma ‘’terra prometida’’, como se pode observar em O Ventre do Atlântico (2003), sua estreia como romancista. Disto isto, este trabalho apresenta como as autoras citadas são vistas como dois expoentes da literatura de autoria feminina senegalesa, bem como destacar as temáticas levantas em seus romances de estreia, levando em consideração o grande destaque que eles possuem, a exemplo da questão da educação da mulher. Ressalta-se, também, o caráter autobiográfico de suas obras e a como a escrita destas mulheres (e de África, no geral) contribuem para se perceber a condição feminina no Senegal.

Biografia do Autor

Rodrigo Nunes de Souza, Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Doutorando em Letras (Estudos Africanos e Afro-brasileiros) pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Mestre em Linguagem & Ensino (Estudos Literários) pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Graduado em Letras (Língua Portuguesa) pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Dedica-se a estudar as Literaturas Africanas e a Literatura afro-brasileira, principalmente as produções literárias de autoria feminina. Suas pesquisas voltam-se para os seguintes temas: África e suas diásporas; produções literárias de autoria feminina africana e afro-brasileira; problematização e visibilidade de textos literários escritos por mulheres; educação da mulher em textos literários; literatura, ensino e formação de leitores; literatura, formação docente e a aplicabilidade da Lei 10.639/03 na educação básica. Integrante do grupo de pesquisa GeÁfricas, coordenado pela Profa. Dra. Vanessa Neves Riambau Pinheiro.

Vanessa Neves Riambau Pinheiro, Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Vanessa Neves Riambau Pinheiro é doutora pelo programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Área de Estudos Literários. Tem livros publicados no Brasil e em Moçambique sobre crítica literária, além de artigos em revistas acadêmicas e capítulos em livros diversos. Foi professora da Universidade da Costa Rica (UCR) pelo programa Leitorado, tendo ministrado aulas de Língua Portuguesa e de Literatura Brasileira para hispano hablantes. Também foi Professora Adjunta da Universidade Estadual da Bahia (UNEB) entre 2011 e 2012. Atualmente, coordena o Grupo GeÁfricas na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), onde atua como Professora Associada na graduação e na pós-graduação. Integra também o CEsA - Centro de Estudos sobre África, Ásia e América Latina, vinculado à Universidade de Lisboa. No ano de 2017 concluiu seu pós-doutoramento na Universidade de Lisboa, sob a orientação da Profª Drª Ana Mafalda Leite, sobre a formação do cânone literário em Moçambique.

Referências

BÂ, Mariama. Une si longue lettre. Dakar: NEAS, 1979.

BÂ, Mariama. Un chant écarlate. Dakar: NEAS, 1981.

BÂ, Mariama. Une si longue lettre. França: Le Rocher, 2005.

BORDIEU, Pierre; PASSERON Jean-Claude. A Reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. Tradução de Reynaldo Bairão. Revisão de Pedro Benjamin Garcia e Ana Maria Baeta. Rio de Janeiro: Vozes, 2014.

DUARTE, Vera. Dar a volta por cima. In: A palavra e os dias: crônicas. Belo Horizonte: Nandyala, 2013. p. 59-61.

DUARTE, Zuleide. Dizibilidades africanas: palavra de mulher. In: Outras Áfricas: elementos para uma literatura da África. Recife: Editora Massangana. p. 77-83.

DUARTE, Zuleide. O exílio como destino. Diadorim. Rio de Janeiro. Revista 19, volume 1, p. 63-73, Jan-Jun 2017.

DIOME, Fatou. O Ventre do Atlântico. Tradução de Carlos Correia Monteiro de Oliveira. Lisboa: Bizâncio, 2004.

DIOME, Fatou. Kétala. Tradução do original Francês por Rita Bueno Maia. Lisboa: Europress, 2008. (Colecção Raízes Africanas).

DIOME, Fatou. O Ventre do Atlântico. Tradução de Regina Célia Domingues da Silva. Rio de Janeiro: Malê, 2019.

HOOKS, bell. Pedagogia e compromisso político: um comentário. In: Erguer a voz: pensar como feminista; pensar como negra. Tradução de Cátia Bocaiuva Maringolo. São Paulo: Elefante, 2019. p. 207-2017.

KANE, Coumba. Fatou Diome: « La rengaine sur la colonisation et l’esclavage est devenue un fonds de commerce ». 2019. Disponível em: <https://www.lemonde.fr/afrique/article/2019/08/25/fatou-diome-la-rengaine-sur-la-colonisation-et-l-esclavage-est-devenue-un-fonds-de-commerce_5502730_3212.html>. Acesso em: 29 de dezembro de 2022.

KILOMBA, Grada. Quem pode falar? Falando do Centro, Descolonizando o Conhecimento. In: Memórias da Plantação: episódios de racismo cotidiano. Tradução de Jess Oliveira. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019. p. 47-69.

MOI, Izabela. A terra prometida: livro de autora franco-senegalesa se debruça sobre narrativas de imigrantes que buscam uma vida melhor na Europa. 2019. Disponível em: <https://www.quatrocincoum.com.br/br/resenhas/l/a-terra-prometida>. Acesso em: 29 de dezembro de 2022.

SAMB, Fatime. Entre religião e poligamia: uma leitura a partir do romance Une si longue lettre, de Mariama Bâ. In: Encontros e desencontros de lá e de cá do Atlântico: mulheres africanas e afro-brasileiras em perspectiva de gênero. GOMES, Patrícia Godinho; FURTADO, Cláudio Alves. (Org.). Salvador: EDUFBA, 2017. p. 89-111.

SPIVAK, Gyatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? Tradução de Sandra Regina Goulart Almeida, Marcos Pereira Feitosa e André Pereira Feitosa. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.

YOUSAFZAI, Malala; LAMB, Christina. Eu sou Malala: a história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã. Tradução de Caroline Chang, Denise Bottman, George Schlesinger e Luciano Vieira Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

Downloads

Publicado

2023-10-20