PANORAMA DA MACROECOLOGIA BRASILEIRA
DOI:
https://doi.org/10.4257/oeco.2018.2202.01Keywords:
, cienciometria, investimento em Ciência e Tecnologia, mulher na ciência, Plataforma Lattes, produção científicaAbstract
A macroecologia é a análise dos padrões e processos revelados pelas distribuições estatísticas de variáveis entre uma grande quantidade de partículas ecológicas. No Brasil, a macroecologia teve um desenvolvimento recente, com as primeiras publicações surgindo no final da década de 1990. No entanto, não existem dados quantitativos e qualitativos sobre a produção brasileira, bem como a distribuição geográfica de recursos humanos especializados em macroecologia. Neste artigo utilizo os dados disponíveis na Plataforma Lattes para obter um panorama da produção brasileira em macroecologia, seu desenvolvimento e formação de recursos humanos. Meus principais objetivos foram (i) quantificar o número de macroecólogos atuantes no Brasil; (ii) avaliar a distribuição espacial dos macroecólogos nos estados brasileiros; (iii) analisar a variação temporal do número de publicações e a proporção das publicações nos diferentes estratos da classificação no Qualis/CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior); e (iv) analisar os impactos dos investimentos em Ciência e Tecnologia (C&T) sobre o número e a qualidade das publicações (i.e., fator de impacto médio anual). Atualmente existem 38 macroecólogos no Brasil, distribuídos nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. A produção científica brasileira em macroecologia teve início em 1998 e apresentou uma tendência linear de crescimento ao longo do tempo. Dos 318 artigos publicados, 49% foram publicados em periódicos classificados como Qualis A1. Os investimentos federais em C&T tiveram relações positivas tanto com o número (R2 = 0,41; p < 0,001) como a qualidade (R2 = 0,48; p < 0,001) das publicações. Além disso, baseado no número de publicações em cada estrato do Qualis, podemos classificar a macroecologia como um programa de pesquisa de alto impacto na produção ecológica nacional. Contudo, cortes orçamentários em C&T podem comprometer tanto a quantidade como a qualidade da produção científica brasileira, além de outros efeitos negativos para a ciência brasileira, como a “fuga de cérebros”.
PERSPECTIVES ON THE BRAZILIAN MACROECOLOGY. Macroecology is the analysis on the patterns and processes revealed by the statistical distributions of variables among large collections of ecological particles. Macroecology has been developed recently in Brazil, with the first publications from the 1990's. However, there are no quantitative and qualitative data on the Brazilian scientific production on macroecology and on the geographical distribution of macroecologists. Here I used data from the Lattes Platform to obtain a broad perspective on the Brazilian macroecological production, its development and formation of specialized human resources. My main goals were to (i) quantify how many macroecologists are in Brazil; (ii) assess their spatial distribution in the Brazilian states; (iii) analyze temporal variation on the number of publications and the proportion of these publications over the different strata of the Qualis/CAPES (National Council for Scientific and Technological Development); and (iv) analyze the relationships between investment in Science and Technology (S&T) and number and quality of publications (i.e., annual average impact factor). Currently, there are 38 macroecologists in Brazil, distributed over Southern, Southeastern, Midwestern, and Northeastern regions. First Brazilian studies on macroecology were published in 1998 and there was an increasing linear trend through time. From 318 papers, 49% were published in journals classified as Qualis A1. Federal investments in S&T were positively related to number (R2 = 0.41, p < 0.001) and quality (R2 = 0.48, p < 0.001) of publications. Furthermore, based on the number of publications in each stratum of the Qualis, we can acknowledge macroecology as a research program of high impact in the Brazilian ecological production. However, federal funds have been slashed severely, compromising both quantity and quality of Brazilian scientific production. These austerity actions may lead to other negative effects for the Brazilian science, such as “brain drain”.