ESTRUTURA E DIVERSIDADE DAS COMUNIDADES ARBÓREAS DE ÁREAS EM REGENERAÇÃO DA CAATINGA COM DIFERENTES HISTÓRICOS DE USO
DOI:
https://doi.org/10.4257/oeco.2023.2704.02Keywords:
Tree, Phytosociology, Semi-AridAbstract
A Caatinga é um Domínio Fitogeográfico do semiárido brasileiro cujo conhecimento sobre
a influência de diferentes históricos de uso na diversidade e fitossociologia de plantas em áreas
de regeneração é um desafio da ecologia vegetal. Neste trabalho analisamos comparativamente
comunidades arbóreas de 17 áreas em regeneração da Caatinga com diferentes histórico de uso
(agricultura, corte de madeira e pecuária) quanto a riqueza, composição, partição de diversidade beta
(turnover e aninhamento), distribuição de abundância das espécies e parâmetros fitossociológicos
(frequência, densidade, dominância e valores de cobertura e importância). Alocamos 142 parcelas de 20
x 20 m, sendo 92 em áreas de agricultura, 47 de pecuária e seis de corte de madeira, medindo indivíduos
com DAP ≥ 15,8 cm. Não registramos diferenças na riqueza das comunidades arbóreas entre as três
classes de histórico de uso. Entretanto, constatamos diferenças na composição (explicada por turnover)
e abundância entre comunidades com histórico de agricultura e pecuária. Observamos valores maiores
e menos desiguais para frequência, abundância e importância das espécies nas áreas com histórico
de corte de madeira, em relação às áreas com histórico de pecuária ou agricultura. O modelo de
Broken-Stick apresentou melhor ajuste aos dados de abundância das espécies arbóreas nas parcelas
das diferentes classes de histórico de uso. Nós concluímos que o histórico de uso do solo associado
aos ajustes morfofisiológicos das espécies, corte seletivo de plantas com valor comercial e/ou tempo
de abandono das áreas influenciaram distintamente a composição, fitossociologia e/ou abundância
de comunidades arbóreas das áreas em regeneração da Caatinga que investigamos. Entretanto, esses
fatores influenciaram igualmente alguns atributos dessas comunidades (ex. riqueza de espécies)
The Caatinga is a phytogeographical domain of the Brazilian semi-arid region, and understanding the influence of different histories of human use on the diversity and phytosociology of plants in regeneration areas is a challenge for plant ecology. In this
research, we comparatively analyze tree communities in regenerating areas of the Caatinga with different
historical uses (agriculture, logging, and livestock) in terms of richness, composition, partition of beta
diversity (turnover and nestedness), species abundance distribution, and phytosociological parameters
(frequency, density, dominance, and values of cover and importance). We allocated 142 plots measuring
20 x 20 m, with 92 in agricultural areas, 47 in livestock areas, and six in logging areas by measuring
individuals with DAP ≥ 15,8 cm. We recorded no differences in richness between communities with
different use histories or between communities of different classes. However, we found differences in the
composition (explained by turnover) and abundance between communities with a history of agriculture
or livestock. We observed higher and less unequal values for frequency, abundance, and importance of
species in areas with a history of logging compared to livestock or agriculture areas. The adjustment of the
Broken-Stick model showed a better adjustment to the species abundance data in the plots with different
histories of human use. We conclude that the history of land use associated with the morphophysiological
adjustments of the species, selective cutting of plants with commercial value, and/or time of abandonment
of the areas distinct influence the composition, phytosociology, and/or abundance of tree communities in
regeneration areas of the Caatinga that we investigated. However, such factors had a similar influence on
some attributes of these communities (e.g., species richness).
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