AMOSTRAGEM DE LONGA DURAÇÃO POR ARMADILHAS FOTOGRÁFICAS DOS MAMÍFEROS TERRESTRES EM DOIS PARQUES NACIONAIS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
DOI:
https://doi.org/10.4257/oeco.2015.1901.14Keywords:
Mata Atlântica, Itatiaia, Serra dos órgãos, onça-parda, registros fotográficos.Abstract
A utilização de armadilhas fotográficas na amostragem de longa duração de mamíferos terrestres pode fornecer informações precisas sobre o estado de conservação de uma área. No Estado do Rio de Janeiro, apenas um estudo teve pouco mais de 250 armadilhas-dias, esforço amostral mínimo para se obter número significativo de espécies. Apenas outros dois estudos para o sudeste do Brasil realizaram esforço amostral comparável ao realizado aqui no Parque Nacional do Itatiaia (PNI) e no Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO). De outubro de 2010 a setembro de 2012, foram utilizadas armadilhas fotográficas em quatro trilhas de cada parque. O esforço amostral foi diferenciado (PARNASO=9.197 e PNI= 3.885 armadilhas-dia). O número de registros fotográficos foram 377 (PARNASO) e 158 (PNI), com respectivamente 15 e 22 espécies identificadas, sendo a maior parte destas consideradas ameaçadas de extinção, contando com últimos registros para mais de 60 anos atrás. O tatu-de-rabo-mole-grande (Cabassous tatouay), conta com os primeiros registros para os dois parques. As espécies mais registradas no PNI foram respectivamente à onça-parda (Puma concolor), o porco-queixada (Tayassu pecari) e a paca (Cuniculus paca), enquanto que no PARNASO foram o cão doméstico (Canis familiares), a onça-parda e o gambá (Didelphis aurita). No PARNASO apenas quatro espécies foram responsáveis por cerca de 77.9% dos registros, o que pode estar refletindo desequilíbrio na estrutura da comunidade ocasionado principalmente pela presença dominante do cão doméstico. Foi possível identificar a presença de quatro indivíduos de onça-parda em cada parque, sendo que pelo menos um dos indivíduos apresentou elevada freqüência de uso em mais de uma trilha ao longo dos meses de estudo. Algumas espécies que não foram detectadas pelas armadilhas fotográficas foram registradas no interior e entorno dos parques o que mostra que mesmo com elevado esforço amostral, a diversidade de mamíferos terrestres não foi inteiramente amostrada. Nossos resultados comprovam que tal metodologia deve ser considerada como de grande importância não só para amostragem das espécies presentes nas trilhas, mas principalmente na avaliação do estado de conservação e estrutura da comunidade, fornecendo subsídios para ações de proteção e manejo destes parques.
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