O papel da imprensa na política externa brasileira
a interpretação teórica de Samuel Pinheiro Guimarães e as percepções dos chanceleres da PEI e da PEAA
Resumo
O artigo se insere na disciplina de Análise de Política Externa e aborda o papel da imprensa na política externa brasileira. Parte-se da teorização crítica esboçada por Samuel Pinheiro Guimarães sobre o tema. Em seguida, através de análise de discurso, examinam-se como chanceleres da Política Externa Independente (1961-1964) e Ativa e Altiva (2003-2016) caracterizavam o modelo de desenvolvimento que os orientava e como percebiam a atuação da imprensa no sentido de legitimar ou não suas ações. Verificou-se que os chanceleres dos dois períodos reconheciam a importância da grande imprensa privada nos ambientes de decisão e implementação da política externa. Entretanto, a percepção comum de que a deslegitimação de suas ações era mais frequente levou os chanceleres de 1961-1964 a tentar um aumento de proximidade com a grande imprensa, ao passo que as autoridades de 2003-2016 procuraram disputar a opinião pública na mídia e criar novos canais de interação com a sociedade. Conclui-se que o padrão de resistência da grande imprensa à política externa e, mais amplamente, aos modelos de desenvolvimento perseguidos nos dois períodos exemplifica o conceito de vulnerabilidade ideológica formulado por Pinheiro Guimarães.
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