Resiliência hegemônica e declínio produtivo: o poder estrutural dos Estados Unidos perante a ascensão da China

Autores

Palavras-chave:

Poder estrutural, Estados Unidos, China, Balança de poder

Resumo

Este artigo discute uma série de indicadores para determinar a situação da hegemonia dos Estados Unidos perante a ascensão da China. A partir do conceito de Susan Strange de poder estrutural são comentados indicadores sobre os quatro aspectos do poder: militar, conhecimento, produtivo e financeiro. Argumenta-se que a hegemonia estrutural dos Estados Unidos é ‘muito forte’, sobretudo nas dimensões militar e financeira, sendo ‘forte’ na dimensão do conhecimento. No entanto, na dimensão produtiva os Estados Unidos têm superioridade, mas há um declínio relativo perante a China. Desse modo, a análise permite criticar duas ideias influentes na literatura: a hipótese do declínio terminal e a hipótese da unipolaridade estática. Em outras palavras, os Estados Unidos são a única superpotência do sistema, não há declínio terminal, mas a hegemonia pode ser ameaçada pela China no longo prazo em função das mudanças incrementais que despontaram na estrutura produtiva.

Biografia do Autor

Filipe Almeida do Prado Mendonça, Universidade Federal de Uberlândia

Professor Associado do Instituto de Economia e Relações Internacionais (IERI) da Universidade Federal de Uberlândia e do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da UFU (PPGRI-UFU).

Mateus de Paula Narciso Rocha, Universidade Estadual Paulista

Mestre em Relações Internacionais pelo Programa de Pós-graduação em Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia e doutorando em Ciências Sociais na Universidade Estadual Paulista. Servidor federal.

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Publicado

2023-07-18

Edição

Seção

Artigos e Ensaios