A INCLUSÃO DE UMA ESTUDANTE CEGA NO ENSINO SUPERIOR NAS AULAS DE GEOMETRIA ANALÍTICA

Autores

Palavras-chave:

Educação Matemática Inclusiva, Deficiência Visual, Desenho Universal para Aprendizagem.

Resumo

O objetivo desse artigo é apresentar uma experiência de inclusão no ensino superior que abordou aspectos da perspectiva do Desenho Universal para Aprendizagem (DUA), vivenciada por uma professora de matemática em uma universidade pública, em um curso de Ciências da Computação, em uma turma com uma estudante cega. Para tanto, realizou-se reflexões sobre o conceito de Desenho Universal da arquitetura e de produtos, bem como inspiração no DUA para o desenvolvimento de uma atividade denominada de Acessibilidade e Desenho Universal que envolvesse os estudantes desse campo de atuação, com vista a promover a inclusão e aprendizagem de todos, baseando-se nos três princípios orientadores: princípio de engajamento; princípio da apresentação do conteúdo/representação; e princípio da ação e expressão. Para isso, utilizou-se dos registros nos diários de bordo, a elaboração de aulas expositivas dialogadas, uso de material concreto e descrição de imagem. Na análise, destacou-se que o emprego de recursos pedagógicos inclusivos, a partir de formas diferenciadas de ensinar o currículo, proporcionou melhor compreensão, participação, motivação e aprendizagem de todos os estudantes. Essa experiência suscitou que a utilização de estratégias pedagógicas inclusivas baseada no DUA, pela professora de matemática, tem grande potencial de contribuir na aprendizagem e promover a inclusão, beneficiando tanto o estudante cego como os outros estudantes. Igualmente sugeriu que o planejamento e o desenvolvimento de aulas baseada no DUA contribuiu para que a professora refletisse sua ação docente, transformando numa professora pesquisadora potencialmente inclusiva, buscando por estratégias que promova um ensino de Matemática para todos.

Biografia do Autor

Fernanda Marcelo Souza, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano

Mestranda em Educação em Ciências e Matemática pela Universidade Estadual de Santa Cruz. Possui especialização em Atendimento Educacional Especializado e Educação Especial. Pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior. Especialização em LIBRAS e Educação do Surdo. Graduada em Pedagogia. Bacharel em Ciências Econômicas. Atualmente servidora pública federal no cargo de Revisor de Textos Braille no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano. Membro do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas do IF Baiano, campus Uruçuca. Tem experiência na área da Educação Especial, atuando principalmente na área da deficiência visual.

Jurema Lindote Botelho Peixoto, Universidade Estadual de Santa Cruz

Doutora em Difusão do Conhecimento pelo programa Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento, com sede na Universidade Federal da Bahia - UFBA (2015). Possui graduação em Licenciatura em Matemática pela Universidade Estadual de Santa Cruz (1992) e Mestrado em Matemática pela Universidade Federal da Bahia (2002).Atualmente é professora adjunta da Universidade Estadual de Santa Cruz. Líder do Grupo de pesquisa em Educação Matemática e Diversidade Cultural (GPEMdic). Faz parte do GT13 Diferença, Inclusão e Educação Matemática da Sociedade Brasileira de Educação Matemática. Atua no Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática nas linhas de pesquisa: educação matemática inclusiva, educação matemática de surdos, ensino e aprendizagem de matemática, análise cognitiva e difusão do conhecimento.

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Publicado

2024-09-11

Edição

Seção

Relato de Experiência