BILINGUISMO PARA SURDOS NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA?

Autores

Palavras-chave:

Educação de Surdos, Bilinguismo, Educação Superior, Legislação Educacional Brasileira.

Resumo

Este trabalho, tem como objetivo identificar nas políticas de inclusão[1] os aspectos legais que subsidiam as discussões em torno do Bilinguismo para surdos no contexto da Educação Superior. Para tanto, são elencadas discussões que buscam fazer uma tessitura entre a história da educação de pessoas surdas no Brasil com base nas diretrizes contidas na legislação brasileira situada entre os anos de 1990 e 2015, dentre os quais se destacam a seguinte legislação: Lei nº 9.394/1996, Aviso Circular nº 277/1996, Lei nº 10.436/2002, Portaria n° 3.284/2003, Decreto nº 5.626/ 2005, Política Nacional da Educação Especial de 2008, Programa Incluir de 2013, e Lei nº 13.146/2015. Para adensar a tais questões, utilizamos a metodologia de pesquisa bibliográfica. Por conseguinte, através do estudo realizado foi possível identificar que apesar da legislação vigente assegurar o direito à educação para pessoas surdas em sua primeira língua na Educação Superior, ainda há lacunas que precisam ser repensadas, dentre as quais se  destacam os desafios para o de constituição de léxico específico de termos técnicos para a língua de sinais, a importância da atuação de profissionais como o pedagogo bilíngue e o professor de língua portuguesa, e o risco ao dar centralidade apenas ao intérprete de Libras como único e principal responsável no processo de inclusão dos estudantes surdos.

[1] Neste trabalho, entende-se por políticas de inclusão o conjunto de leis, decretos, portarias e demais normativas aplicas ao contexto educacional que asseguram o direito à educação às pessoas surdas, que é permeado pela acessibilidade linguística e pela equidade.

Biografia do Autor

Gabriel Oliveira da Silva, Instituto Federal do Espírito Santo - Campus Nova Venécia.

Mestre em Educação pela UFRRJ, pós-graduado em Práticas Pedagógicas pelo IFES, em Ensino de Língua Portuguesa pela UENP e em Atendimento e Educação de Surdos em Espaços Escolares pela UFMS, pedagogo pelo INES e Licenciando em Letras-Libras pela UNIOESTE. Atualmente atua como Intérprete de Libras no Instituto Federal do Espírito Santo - Campus Nova Venécia, onde coordena o Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas, e como professor do Atendimento Educacional Especializado na área de Deficiência Auditiva e Surdez na Secretaria de Estado de Educação do Espírito Santo. Desde 2020, participa do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Educação, Diversidade e Inclusão - LEPEDI, do Instituto de Educação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

Felipe Vieira Gimenez, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Doutor em educação pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - UFMS (2022). Pedagogo (2013) e Professor da Educação Básica pública municipal - SEMED. É membro desde 2014 do Grupo de Estudos e Pesquisas em Política de Educação Superior / Mariluce Bittar - GEPPES/MB. Pesquisador e participante da pesquisa da Rede Universitas/Br.

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2024-09-11 — Atualizado em 2024-09-12

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