ACESSIBILIDADE NA UNIVERSIDADE: UMA DIRETRIZ ÉTICO-POLÍTICA PARA A FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA
Palavras-chave:
Acessibilidade, Universidade, Deficiência, Formação, PsicologiaResumo
O ingresso de estudantes com deficiência na universidade pública, por meio do sistema de cotas (Lei 13.409, de 2016) tem sido ao mesmo tempo um desafio e uma grande oportunidade para que seja feita uma avaliação e uma autocrítica das políticas de formação acadêmica. O objetivo do presente artigo é discutir a acessibilidade na universidade como uma diretriz ético-política da formação em psicologia. Para isso buscamos definir o que entendemos por deficiência, analisando os diferentes modelos e suas implicações ético-políticas: o modelo biomédico, o modelo social, o modelo feminista e a Teoria Crip. Estes últimos ganham relevo para a discussão de estratégias de formação (ensino, pesquisa e extensão) desenvolvidas no Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, tendo em vista produzir deslocamentos na formação capacitista, em favor de uma formação marcada por uma dimensão ético-política que afirma a potência do encontro com o outro na diferença e sensibiliza o estudante de psicologia para a importância da criação de um mundo comum e heterogêneo.
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