A LEI Nº 13.415/17 E A BNCC COMO AGENTES DE SILENCIAMENTO E INVISIBILIZAÇÃO DOS DOCENTES DE “LINGUA NO FRANCAS”

Autores

DOI:

https://doi.org/10.61358/policromias.v6i3.48047

Palavras-chave:

Foucault, Discurso, políticas públicas educacionais, saber, poder, sujeito

Resumo

 Este artigo, que apresenta um recorte da pesquisa de doutorado em desenvolvimento, compreende que a Lei nº 13.415/17 e a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) excluem saberes referentes à aprendizagem de línguas estrangeiras (LEs) na atualidade, nos leva a concluir que tais documentos se configuram em agentes de silenciamento e de invisibilização das línguas consideradas “no francas” e, por extensão, dos docentes inscritos na formação discursiva (FOUCAULT, 2008a) “professores de línguas estrangeiras modernas” e de suas práticas pedagógicas. Sendo assim, acreditamos ser necessário discutir as relações existentes entre os pensamentos neoliberais, as políticas linguísticas, os ditos e não-ditos sobre as LEs na Lei nº 13.415/17 e na BNCC para que seja possível entender o (não) lugar dos docentes das línguas consideradas “no francas”, como também buscar alternativas que sejam mais democráticas a todos os sujeitos envolvidos neste processo.

Biografia do Autor

Maria do Rosário Gregolin, Universidade Estadual Paulista

Doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista (1988). Professora da Universidade Estadual Paulista. Lattes: http://lattes.cnpq. br/4995921934522390. E- mail: mrgregolin@gmail.com

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Publicado

2022-01-17

Edição

Seção

Dossiês