Rastros de um processo colaborativo entre compositor e performer/intérprete na criação da ópera experimental “Helena e seu ventríloquo”
Resumo
O presente texto tem o intuito de pensar e analisar o processo de colaboração entre Doriana Mendes e Daniel Quaranta na criação da ópera experimental Helena e seu ventríloquo (2019). A ópera eletroacústica consta de uma introdução e sete atos, com vídeo e som projetado em um sistema multicanal octofônico. A duração da obra é de 60 minutos. A música e o roteiro foram escritos por Daniel Quaranta. Toda a dramaturgia, a cena ao vivo e no estúdio, conjuntamente com a produção visual do vídeo, foram realizadas pelo duo com a colaboração de Aurélio Oliosi na câmera e Ricardo Vieira na edição do vídeo e masterização do produto final. Neste artigo, apresentamos um relato da experiência de criação em colaboração. Isso implica em aceitar a coautoria desta obra (Mendes-Quaranta), dado que, da maneira como foi realizada, só se pôde chegar ao fim, pelo fato de trabalhar com um método de parceria construtiva, no qual nenhuma das partes foi independente da outra. Essa “trama rizomática” (diálogo, ensaio, discussão, testes, falhas, acertos, reflexão, etc.), foi o que possibilitou essa horizontalidade no processo criativo de natureza transdisciplinar. A dupla de criadores percebeu em tal processo, que o funcionamento prático para a construção da obra como tal se alicerçou nos saberes e habilidades específicas de ambos, o que propiciou a expansão dos limites estabelecidos tradicionalmente na interface compositor-intérprete.
Palavras-chave
Colaboração compositor/intérprete. Ópera experimental. Música eletroacústica. Composição musical. Voz.