Por uma ciência indisciplinada da música
Abstract
Nesta contribuição, a palavra musicologia significa “a ciência da música” em sua acepção mais ampla, como uma abordagem do conhecimento trazido por disciplinas díspares e que têm em comum a música como objeto de estudo. No entanto, todos os indicadores (cursos universitários, reuniões de especialistas, literatura especializada, maratonas enciclopédicas...) testemunham que aqueles que dedicam suas vidas ao estudo da música não desistem da ideia de construir uma ciência englobante. Nós não desistimos da busca do ideal do conhecimento totalizante, de uma musicologia federativa, rica pela sua variedade infinita de áreas e de especialidades que a integram. Não sonhamos, todavia, com essa musicologia geral que deixou sua marca na França? Crescemos imunes a essa evidência e nossas instituições a administram. É preciso um amálgama que consolide sob uma mesma rubrica os empreendimentos de conhecimentos heterogêneos que, longe de torná-los autônomos no panorama institucional das ciências da música, busque agregá-los sob a reivindicação de que sejam abrigados sob uma denominação comum. Consequentemente, esse esforço de generalização – que visa reunir, sob os auspícios da ciência musicológica, segundo diferentes graus de relevância, os estudos ou as abordagens do conhecimento dos mais diversos – se aparenta muito mais a uma justaposição heteróclita e constantemente mutante de disciplinas instituídas (ou em vias de o serem) do que à implementação de uma abordagem heurística compartilhada. Esta contribuição propõe uma inversão de perspectiva a partir de uma análise de caso.Keywords
Epistemologia, enciclopédia, ontologia, música, etnomusicologia, musicologia