Reciclar os cantos do senhor: Modernização e adaptação da música sacra no século XIX no Brasil

Autores

  • Marshal Gaioso Pinto Instituto Federal de Goiás

DOI:

https://doi.org/10.47146/rbm.v23i2.29294

Palavras-chave:

Goiás, banda, manuscritos musicais, acervos musicais

Resumo

O acervo do maestro Balthasar de Freitas é um acervo particular, proveniente da cidade de Jaraguá, em Goiás. O acervo possui mais de seiscentas obras, divididas em quatro séries: música sacra, música instrumental, música impressa e outros documentos. Os manuscritos datam entre 1836 e o final da década de 1930; grande número de cópias não tem data. Parte substancial de obras do acervo foi copiada mais de uma vez; é possível encontrar casos em que o estilo musical parece incompatível com a data do manuscrito. A análise desses manuscritos revela, nos casos em que uma peça foi copiada mais de uma vez, que essas cópias tendem a apresentar uma adaptação da instrumentação utilizada e, algumas vezes, uma modernização da notação musical. Assim, partes de violino eram reescritas para clarinetes e pistons, e partes de violoncelo ou contrabaixo para helicons e oficleides. Novas partes de trombone e saxhorne eram também criadas com intuito de substituírem as partes de contínuo. Além disso, são encontradas mudanças de clave, fórmulas de compasso e até mesmo armaduras de clave. Todas essas mudanças parecem refletir uma forte tendência da música no Brasil durante o século XIX: o desenvolvimento das bandas de música. É possível também notar outra influência nos manuscritos do acervo Balthasar de Freitas: o gradual declínio do nível de profissionalismo dos músicos que atuavam nas regiões de mineração. Músicos que não eram mais capazes de se dedicar completamente à atividade musical começaram a reciclar o antigo repertório para poder atender às demandas de seu tempo.

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Publicado

2010-12-30