Curt Lange e Régis Duprat: os modelos críticos sobre a música no período colonial brasileiro
Resumen
Desde a década de 1980, a musicologia brasileira vem incorporando aspectos da Teoria Crítica, desenvolvendo gradativamente uma disposição de compreender as estruturas discursivas sobre o passado da música no Brasil. A perspectiva é desconstruir a historiografia por suas matrizes bibliográficas, conceituais e ideológicas. O presente artigo se propõe a observar os modelos interpretativos da historiografia sobre o período colonial, articulando dois autores que possuem forte impacto na constituição do saber sobre esta época: Francisco Curt Lange e Régis Duprat. Nessa senda, trata-se de averiguar a visão de cada autor sobre a estrutura sociopolítica que baseia suas teses sobre o exercício da atividade musical. Diante do quadro interpretativo, o texto busca identificar os conceitos ideológicos e suas referências teóricas, concluindo, por fim, a posição de cada autor face às suas escolhas: Curt Lange como representante último na historiografia musical brasileira do determinismo bio-sociológico e Duprat vinculado à observação do sistema administrativo como ordenador das vivências na colônia, superando o determinismo bio-sociológico em favor da história comparada. O processo da determinação bio-sociológica é superado em favor dos fenômenos sociais em interrelação de sentido de tempo-espaço em sintonia com as estruturas de longa duração. Constitui-se, então, um marco de ruptura na historiografia musical brasileira.Palabras clave
Musicologia no Brasil, historiografia musical brasileira, período colonial, Francisco Curt Lange, Régis Duprat