Palavras ao vento: voz, corpo e melodrama no cinema sonoro
DOI:
https://doi.org/10.47146/rbm.v33i1.33590Palavras-chave:
Voz. Melodrama. Cinema.Resumo
Neste artigo nos debruçamos sobre o melodrama cinematográfico, tradicionalmente tido como modo de representação predominantemente visual, em que embates morais se manifestam em signos visíveis. Dentro da literatura que fundamenta a pesquisa no campo, diz-se que constitui um drama da mudez: a voz não oferece recursos suficientes para expressar adequadamente a emoção avassaladora. Essa definição, porém, torna-se frágil sob escrutínio mais cuidadoso no que tange às ideias de voz, corpo e logos. Informados por autores que versam sobre som e voz, propomos uma reformulação desse enunciado: libertando a voz do jugo da língua podemos verificar que ela persiste em sua materialidade mais natural, na forma de grito, choro, suspiro e canto. A limitação não seria, assim, da voz, mas da palavra, da capacidade da língua de expressar o inefável, e a voz corpórea, sonora, triunfaria sobre a fala, tornando o melodrama não um drama da falha da voz, mas da vitória do vocal sobre o verbal, do triunfo da voz sobre o logos.