Comunicação de eliminação: um potencial campo de atuação para o terapeuta ocupacional/ Elimination communication: a potential field of work for occupational therapist

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47222/2526-3544.rbto41676

Palavras-chave:

terapia ocupacional, treinamento no uso de toaletes, atividades cotidianas

Resumo

Introdução: O método de treinamento no uso de toaletes, conhecido como “comunicação de eliminação”, é comum em comunidades orientais e africanas e vem sendo incorporado ao cotidiano de famílias brasileiras. Porém, erros no treinamento podem interferir negativamente no desenvolvimento infantil, sendo recomendada orientação profissional. Objetivos: Apresentar o estado da arte sobre a comunicação de eliminação nas publicações acadêmicas, identificar sua definição e discutir a possibilidade de configurar prática do terapeuta ocupacional. Método: Revisão Integrativa da literatura, realizada nas bases de dados SciELO e Medline/PubMed, utilizando os descritores “treinamento no uso de toaletes”, “terapia ocupacional”, “toilet training” e “occupational therapy”, considerando os critérios de inclusão: artigos que abordem o treinamento iniciado entre zero e 18 meses, na língua portuguesa, inglesa ou espanhola, e que tenham resumo disponível. Resultados: Foram encontrados 17 artigos. O método consiste em auxiliar o bebê, desde primeiros meses, a eliminar fezes ou urina, o que facilitou o desfralde a longo prazo e preveniu a ocorrência de transtornos da eliminação. Discussão: O método proporciona melhora da qualidade de vida do bebê por diminuir episódios de choro, otimizar a consciência corporal e facilitar o desfralde. Porém, se malconduzido, acarreta desfralde precoce, o que pode ser evitado com a orientação do terapeuta ocupacional para o treinamento correto da atividade. Conclusão: Existe carência de estudos científicos sobre a comunicação de eliminação em contexto brasileiro, sendo necessário adaptação cultural e recomendada para seu uso a supervisão de um profissional que trabalhe com desenvolvimento infantil, como o terapeuta ocupacional. 

Palavras-chave: Terapia Ocupacional. Treinamento no uso de toaletes. Atividades cotidianas. 

 

Abstract
Introduction: The method of toilet training known as “elimination communication” is common in eastern and african communities, and has been incorporated into the daily life of Brazilian families. However, errors in training can negatively interfere with child development, and professional guidance is recommended. Objectives: To present the art’s state about elimination communication in academic publications, identify its definition and discuss the possibility of configure an occupational therapist practice. Methods: Integrative literature review carried out in the SciELO and Medline/PubMed databases, using the descriptors “treinamento no uso de toaletes”, “terapia ocupacional”, “toilet training” and “occupational therapy”, considering the inclusion criteria: articles that talk about training started between zero and 18 months, in Portuguese, English or Spanish, and that have summary available. Results: 17 articles were found. The method consists helping baby, since first months, to eliminate feces or urine, a conduct that facilitated long-term toilet training, and prevented the occurrence of disorders of elimination. Discussion: The method improves the baby's quality of life by decreasing crying episodes, optimizing body awareness and facilitating toilet training. However, if it is misconducted, it leads to wrong toilet training, which can be avoided with the guidance of the occupational therapist for the correct training of activity. Conclusion: There is a lack of scientific studies on elimination communication in the Brazilian context, requiring cultural adaptation and recommended for its use the supervision of a professional who works with child development, such as the occupational therapist.

Keywords: Occupational therapy. Toilet training. Activities of daily living

 

Resumen

Introducción: El método de control de esfincteres llamado “comunicación de eliminación” es común en comunidades del Asia y África, se ha incorporado a lo cotidiano de familias brasileñas. Todavía, entrenamiento incorrecto puede interferir negativamente en desarrollo del niño y se recomienda orientación profesional. Objetivos: Presentar el estado del arte sobre la comunicación de eliminación en publicaciones académicas, identificar su definición y discutir la possibilidad de configurar una práctica terapéutica ocupacional. Métodos: revisión integrativa de la literatura realizada en las bases de datos SciELO y Medline/PubMed, utilizando las palabras clave "treinamento no uso de toaletes ", "terapia ocupacional", "toilet training", "occupational therapy", incluyendo los artículos que abordan el entrenamiento iniciado cero y 18 meses, en portugués, inglés o español, y que tengan un resumén disponible. Resultados: Se encontraron 17 artículos. El método consiste en ayudar al bebé, desde los primeros meses, a eliminar heces o orina, lo que facilitó el control de esfincteres a largo plazo, y evitó la ocurrencia de trastornos de eliminación. Discusión: El método disminuye los episodios de llanto del bebé, optimiza la conciencia corporal y facilita el control de esfincteres. Todavía, si se hace mal, conduce al abandono precoz de pañal, que puede evitarse con la orientación del terapeuta ocupacional para el correcto entrenamiento de las atividades cotidianas. Conclusión: Hay una falta de estudios científicos sobre la comunicación de eliminación en contexto brasileño, lo que requiere una adaptación cultural y recomendó la supervisión de un profesional dedicado al desarrollo infantil, como el terapeuta ocupacional.

Palabras clave: Terapia ocupacional. Control de esfíncteres. Actividades cotidianas. 

Biografia do Autor

Silvia Ueno Marques Leonetti, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo

Terapeuta ocupacional formada pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, atuou na Santa Casa de Ribeirão Preto, e atua em clínica multidisciplinar no atendimento de pessoas com necessidades específicas. Pesquisa sobre a prática da comunicação de eliminação, conhecida no Brasil como higiene natural. 

Cláudia Aline Valente Santos, Departamento de Terapia Ocupacional - Universidade Federal de São Carlos

Terapeuta Ocupacional, Doutora pela Universidade de São Paulo. Realizou doutorado sanduíche na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto- Portugal. Mestre em Saúde da Comunidade pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto USP. Especializada em Terapia Ocupacional Hospitalar pela Universidade de São Paulo e no Método Terapia Ocupacional Dinâmica pelo Centro de Especialidades em Terapia Ocupacional - CETO. Professora pelo Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos, pelas áreas de Terapia Ocupacional em Gerontologia e Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares. 

Referências

American Occupational Therapy Association, A. (2015). Estrutura da prática da Terapia Ocupacional: domínio & processo - 3ª ed. traduzida. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 26(esp), 1-49. https://doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v26iespp1-49

Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70.

Bender, J. M., & She, R. C. (2017). Elimination Communication: Diaper-Free in America. Pediatrics, 140(1), e20170398. https://doi.org/10.1542/peds.2017-0398

Benjasuwantep, B., & Ruangdaraganon, N. (2011). Infant toilet training in Thailand: starting and completion age and factors determining them. Journal of the Medical Association of Thailand, 94(12), 1441–1446. http://www.jmatonline.com/files/journals/1/articles/1619/public/1619-4899-1-PB.pdf

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Recuperado de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm

Della Barba, P. (2018). Intervenção precoce no Brasil e a prática dos terapeutas ocupacionais. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 2(4), 848-861. https://doi.org/10.47222/2526-3544.rbto14809

Descritores em Ciências da Saúde: DeCS. (2017). BIREME / OPAS / OMS. São Paulo (SP).

deVries, M. W., & deVries, M. R. (1977). Cultural relativity of toilet training readiness: a perspective from East Africa. Pediatrics, 60(2), 170–177. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/887331/

Dombroski, Kelly. (2018). Learning to be affected: Maternal connection, intuition and “Elimination Communication”. Emotion, Space and Society, 26, 72-79. https://doi.org/10.1016/j.emospa.2017.09.004

Duong, T. H., Jansson, U. B. & Hellström, A. L. (2013). Vietnamese mothers' experiences with potty training procedure for children from birth to 2 years of age. Journal of pediatric urology, 9(6 PtA), 808–814. https://doi.org/10.1016/j.jpurol.2012.10.023

Hooman, N., Safaii, A., Valavi, E., & Amini-Alavijeh, Z. (2013). Toilet training in Iranian children: a cross-sectional study. Iranian journal of pediatrics, 23(2), 154–158. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/23724175/

Huang, H. M., Wei, J., Sharma, S., Bao, Y., Li, F., Song, J. W., Wu, H. B., Sun, H. L., Li, Z. J., Liu, H. N., Wu, Q., & Jiang, H. L. (2020). Prevalence and risk factors of nocturnal enuresis among children ages 5-12 years in Xi'an, China: a cross-sectional study. BMC pediatrics, 20(1), 305. https://doi.org/10.1186/s12887-020-02202-w

Jordan, G. J., Arbeau, K., McFarland, D., Ireland, K., & Richardson, A. (2020). Elimination communication contributes to a reduction in unexplained infant crying. Medical hypotheses, 142, 109811. https://doi.org/10.1016/j.mehy.2020.109811

Largo, R. H., & Stutzle, W. (1977). Longitudinal study of bowel and bladder control by day and at night in the first six years of life. I: Epidemiology and interrelations between bowel and bladder control. Developmental medicine and child neurology, 19(5), 598–606. https://doi.org/10.1111/j.1469-8749.1977.tb07993.x

Li, X., Wen, J. G., Shen, T., Yang, X. Q., Peng, S. X., Wang, X. Z., Xie, H., Wu, X. D., & Du, Y. K. (2020). Disposable diaper overuse is associated with primary enuresis in children. Scientific reports, 10(1), 14407. https://doi.org/10.1038/s41598-020-70195-8

Mota, Denise M., & Barros, Aluisio J. D. (2008). Aquisição do controle esfincteriano em uma coorte de nascimentos: situação aos 2 anos de idade. Jornal de Pediatria, 84(5), 455-462. https://doi.org/10.1590/S0021-75572008000600013

Netto, J. M. B., Paula, J. C., Bastos, C. R., Soares, D. G., Castro, N. C. T., Sousa, K. K. V., Carmo, A. V., Miranda, R. L., Mrad, F. C. C., & Bessa Jr., J. (2021). Personal and familial factors associated with toilet training. International braz j urol, 47(1), 169-177. https://doi.org/10.1590/S1677-5538.IBJU.2020.0129

Nucci, L., Nunes, A., Folha, D., Marini, B., Ramos, M., & Della Barba, P. (2017). A produção do conhecimento em terapia ocupacional na perspectiva da atenção integral à criança. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 1(5), 693-703. https://doi.org/10.47222/2526-3544.rbto5383

Rugolotto, S., Sun, M., Boucke, L., Calò, D. G., & Tatò, L. (2008). Toilet training started during the first year of life: a report on elimination signals, stool toileting refusal and completion age. Minerva pediatrica, 60(1), 27–35. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18277362/

Santos da Silva, M., Santos, K., Andrade, L., & Zanona, A. (2017). Avaliação funcional do desenvolvimento psicomotor e ambiente familiar de crianças com síndrome de down. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 1(2), 186-201. https://doi.org/10.47222/2526-3544.rbto4818

Smeets, P. M., Lancioni, G. E., Ball, T. S., & Oliva, D. S. (1985). Shaping self-initiated toileting in infants. Journal of applied behavior analysis, 18(4), 303–308. https://doi.org/10.1901/jaba.1985.18-303

Sociedade Brasileira de Pediatria e Sociedade Brasileira de Urologia. (2019). Manual de Orientação Treinamento Esfincteriano. Brasil. Recuperado de https://portaldaurologia.org.br/medicos/wp-content/uploads/2020/01/Treinamento_Esfincteriano-1.pdf

Solarin, A. U., Olutekunbi, O, A., Madise-Wobo, A, D., & Senbanjo, I. (2017). Toilet training practices in Nigerian children. South African Journal of Child Health, 11(3), 122-128. https://doi.org/10.7196/SAJCH.2017.v11i3.1287

Souza, M. T., Silva, M. D, & Carvalho, R. (2010). Integrative review: what is it? How to do it?. Einstein (São Paulo), 8(1), 102-106. https://doi.org/10.1590/S1679-45082010RW1134

Sun, M., & Rugolotto, S. (2004). Assisted infant toilet training in a Western family setting. Journal of developmental and behavioral pediatrics: JDBP, 25(2), 99–101. https://doi.org/10.1097/00004703-200404000-00004

Tali, S., Efrat, S. U., Boucke, L., & Rugolotto, S. (2009). Treinamento esfincteriano. Jornal de Pediatria, 85(1), 87-89. https://doi.org/10.1590/S0021-75572009000100016

Wang, X. Z., Wen, Y. B., Shang, X. P., Wang, Y. H., Li, Y. W., Li, T. F., Li, S. L., Yang, J., Liu, Y. J., Lou, X. P., Zhou, W., Li, X., Zhang, J. J., Song, C. P., Jorgensen, C. S., Rittig, S., Bauer, S., Mosiello, G., Wang, Q. W., & Wen, J. G. (2019). The influence of delay elimination communication on the prevalence of primary nocturnal enuresis-a survey from Mainland China. Neurourology and urodynamics, 38(5), 1423–1429. https://doi.org/10.1002/nau.24002

Xing, D., Wang, Y. H., Wen, Y. B., Li, Q., Feng, J. J., Wu, J. W., Jia, Z. M., Yang, J., Sihoe, J. D., Song, C. P., Hu, H. J., Franco, I., & Wen, J. G. (2020). Prevalence and risk factors of overactive bladder in Chinese children: A population-based study. Neurourology and urodynamics, 39(2), 688–694. https://doi.org/10.1002/nau.24251

Yang, S. S., Zhao, L. L., & Chang, S. J. (2011). Early initiation of toilet training for urine was associated with early urinary continence and does not appear to be associated with bladder dysfunction. Neurourology and urodynamics, 30(7), 1253–1257. https://doi.org/10.1002/nau.20982

Downloads

Publicado

01-02-2022

Edição

Seção

Artigo de Revisão