Tradução, (re)enquadramentos translinguais e a transmidiatização da Guerra na Síria: explorando conceitos e (re)significações em rede(s)

Autores

Palavras-chave:

refugiados, comunicação multimodal, tradução indisciplinada, Bruno Latour.

Resumo

Neste artigo, retomo alguns dos conceitos discutidos em Souza Júnior (2020), tais como tradução, enquadramento, comunicação, práticas translinguais, transmidiatização e disputas textuais, para explorar de maneira oligóptica (Latour, [2005] 2012) as dinâmicas e (re)articulações que emergem através desses conceitos e processos. Elas apontam para traços de comunicação em mais de um espaço midiático (i.e. jornalismo profissional e redes sociais), gerando redes de (re)significação e, daí, a transmidiatização da Guerra na Síria. Tais redes trazem como elemento central de exploração e problematização interdisciplinar o papel que a linguagem nelas desempenha (Moita Lopes, 2006, p. 14). Mais especificamente, essa centralidade envolve relações de (des)associação, (re)enquadramentos e disputas textuais expandidas pelo uso das seguintes expressões, respectivamente, em turco e inglês, #KiyiyaVuranInsanlik/ #HumanityWashedAshore (em tradução livre: humanidade despejada na praia). Soma-se a tais expressões o trânsito de uma imagem responsável por (re)enquadrar A(y)lan Kurdi, refugiado sírio de 3 anos, que, lamentavelmente, faleceu tentando fugir da guerra. Considerando isso, destaco o papel da tradução, bem como o das práticas multissemióticas e translinguais direcionadas pelos significados de #Insanlik e #Humanity (i.e. humanidade). Por fim, discuto qualitativamente postagens que apontam para um complexo jogo de linguagem produtivo/performativo (Wittgenstein, [1953]1999) operado via trabalho semiótico (Kress, 2015), e, então, projeto algumas associações.

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Publicado

2021-07-21

Edição

Seção

Artigos