A construção linguística de uma paciente de esclerose lateral amiotrófica que se comunica exclusivamente a partir de um dispositivo técnico: análise de uma unidade discursiva.
Palavras-chave:
Narrativas, ciborgue, mediação, ELAResumo
A comunicação oral e escrita é uma das principais formas de contato com a vida social, e, as contingências poderiam interromper esta competência humana de forma definitiva se não houvesse o desenvolvimento da tecnologia ao longo dos tempos. A proposta neste artigo é analisar uma unidade discursiva, observando como a paciente de esclerose lateral amiotrófica (re)constrói a linguagem mediada por dispositivo técnico, adaptado a seus movimentos oculares, única ação muscular do tipo voluntária que ainda permanece ativa neste corpo portador de uma doença neurológica degenerativa progressiva. Karen é uma humana-robô que utiliza próteses para conseguir sobreviver nos aspectos alimentar e respiratório, e, como função não vital, mas primordial a existência humana, a socialização. A comunicação é desenvolvida a partir do uso de um recurso técnico-robótico. Existem alterações nas normas linguísticas neste sistema alternativo de comunicação, mas, em contrapartida, o silêncio obrigatório nos tempos idos em pessoas acometidas de insuficiência motora grave, cedeu espaço a um lugar que interage, e, com a palavra, Karen, a super-humana.
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