Novo constitucionalismo latino americano: um convite a reflexões acerca dos limites e alternativas ao direito
DOI:
https://doi.org/10.21875/tjc.v3i2.23890Palavras-chave:
Novo Constitucionalismo Latino Americano, Epistemologias do Sul, Constituição da Bolívia, Constituição do Equador.Resumo
RESUMO:
A história do direito demonstra a estreita relação do Direito com a dominação de povos subalternizados e a legitimação de atos opressores, instituídos em benefício de interesses econômicos. Diante disso, a busca por um direito descolonial mostrase urgente. Para tanto, são analisadas as origens epistemológicas do direito, do constitucionalismo, dos direitos humanos e da dignidade humana, indagando se o Novo Constitucionalismo Latino-Americano seria um passo rumo à descolonização do direito. Isso porque este movimento ainda contempla um paradigma que vai de encontro às premissas dos sistemas constitucionais tradicionalmente adotados. O Novo Constitucionalismo Latino-Americano se caracteriza por constituições que inserem epistemologias indígenas em seus textos, aportando um conceito de viver bem mais amplo que o do liberalismo. As epistemologias do Sul, ao serem constitucionalmente introduzidas, exibem potencial para lidar com os dilemas da sociedade global. A urgência de se interrogar sobre um Direito pautado nas epistemologias do Sul advém da inquietação quanto às promessas não cumpridas da modernidade, que convocam o Direito a acolher estas epistemologias como seu fundamento.
ABSTRACT:
Legal history established a strong link between Law, subaltern’s domination, and the legitimation of oppressive acts to the benefit of economic interests. Taking this into account, the need to decolonize Law is urgent. For that reason, we intend to analyze the epistemological origins of law, constitutionalism, human rights and human dignity, questioning whether the New Latin American Constitutionalism is a step towards to the decolonization of Law. The motivation that lies behind that question is the convergence of New Latin American Constitutionalism with the premises held by traditional constitutional systems. Latin American constitutionalism marks itself by inserting indigenous epistemologies into constitutional texts and bearing a concept of good living that surpass the liberal conception. The constitutionalization of Southern epistemologies has also shown potential in dealing with global society dilemmas. The urgency to consider a legal system based on the epistemologies of the South derives from the unfulfilled promises of modernity, which requires Law itself to account for these alternatives as its foundation.
Referências
ACOSTA, Alberto. O bem viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. Tradução Tadeu Breda. São Paulo: Autonomia Literária. Elefante: 2016.
BARROSO, Luis Roberto. Neoconstitucionalismo e constitucionalização do direito: o triunfo tardio do Direito Constitucional no Brasil. Net, Rio de Janeiro, nov. 2005. Jus Navigandi. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/7547/neoconstitucionalismo-e-constitucionalizacao-do-direito. Acesso em: 10.01.2017.
BELLO, Enzo. A cidadania no constitucionalismo latino-americano. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2018.
BITTAR, Eduardo C. B. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática da monografia para os cursos de direito. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
BOSSELMANN, Klaus. O princípio da sustentabilidade: transformando direito e governança. Tradução Phillip Gil França. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
BRAGATO, Fernanda Frizzo; CASTILHO, Natalia Martinuzzi. A importância do pós-colonialismo e dos estudos descoloniais na análise do Novo Constitucionalismo Latino-Americano. In: VAL, Eduardo Manuel; BELLO, Enzo (Orgs.). O pensamento pós e descolonial no Novo Constitucionalismo Latino-Americano [recurso eletrônico]. Caxias do Sul, Educs, 2014, p. 11-25.
DALMAU, Rubén Martinez; SILVA JÚNIOR, Gladstone Leonel da. O novo constitucionalismo latino-americano e as possibilidades da constituinte no Brasil. In: RIBAS, Luiz Otávio (Org.). Constituinte exclusiva: um outro sistema político é possível. p. 22-23. Disponível em: http://www.plebiscitoconstituinte.org.br/sites/default/files/material/Livro%20Juridico%20Constituinte%20Exclusiva%202014.pdf Acesso em: 08.07.2018.
DOS SANTOS, Theotonio. Teoria da dependência: balanço e perspectivas. Obras escolhidas. V.1. Florianópolis: Insular. Reedição ampliada e atualizada, 2015.
DUSSEL, Enrique. Filosofia da libertação na América latina. Tradução Luiz João Gaio. 2. ed. São Paulo: Loyola, UNIMEP, 1977.
FENSTERSEIFER, Tiago. A responsabilidade do estado pelos danos causados às pessoas atingidas pelos desastres ambientais associados às mudanças climáticas: uma análise à luz dos deveres de proteção ambiental do estado e da proibição de insuficiência na tutela do direito fundamental ao ambiente. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE DIREITO AMBIENTAL 14. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2010. p. 389-420.
FLORES, Joaquin H. A (re)invenção dos direitos humanos. Tradução Carlos R. D. Garcia; Antonio H. G. Suxberger; Jefferson A. Dias. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2009.
MIGNOLO, Walter. La idea de América Latina (la derecha, la izquierda y la opcion decolonial). Crítica y Emancipación, (2): 251-276, primer semestre, 2009.
PAROLA, Giulia. O modelo teórico da democracia ambiental: uma introdução à obra. In: AVZARADEL; Pedro C. S.; PAROLA, Giulia; VAL, Eduardo Manuel (Orgs). Democracia ambiental na América Latina: Uma abordagem comparada. Rio de Janeiro: Multifoco, 2017, p. 81-110.
PANIKKAR, Raimon. Seria a concepção de direitos humanos uma noção ocidental? In: BALDI, César Augusto (Org). Direitos humanos na sociedade cosmopolita. Tradução: Roberto Cataldo Costa. Rio de Janeiro: Renovar, 2004. p. 205-238.
SANTOS, Boaventura de Sousa. A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência. São Paulo: Cortez, 2000.
SANTOS, Boaventura de Sousa. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2010.
SANTOS, Boaventura de Sousa. (Org). Conhecimento prudente para uma vida decente: um discurso sobre as ciências revisitado. São Paulo: Cortez, 2004.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Por uma concepção multicultural de direitos humanos. In: Revista crítica de ciências sociais. nº 48, junho 1997, p. 11-32. Disponível em: http://www.boaventuradesousasantos.pt/media/pdfs/Concepcao_multicultural_direitos_humanos_RCCS48.PDF Acesso em 01.09.2017.
STRECK, Lenio Luiz. Neoconstitucionalismo, positivismo e pós-positivismo. In: Garantismo, hermenêutica e (neo)constitucionalismo: um debate com Luigi Ferrajoli. FERRAJOLI, Luigi; STRECK, Lenio Luiz; TRINDADE, André Karam (Orgs.). Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012.
SVAMPA, Maristella. Extrativismo neodesenvolvimentista e movimentos sociais: um giro ecoterritorial rumo a novas alternativas? In: DILGER, Gerhard; LANG, Miriam; PEREIRA FILHO, Jorge. (Orgs.). Descolonizar o imaginário: debates sobre pós-extrativismo e alternativas ao desenvolvimento. Tradução: Igor Ojeda. São Paulo: Elefante, Autonomia Literária e Fundação Rosa Luxemburgo, 2016. p. 140-173.
TAPIA, Luis. Una reflexión sobre la idea de Estado Plurinacional. Buenos Aires. CLACSO, 2007.
WALSH, Catherine. Interculturalidad, plurinacionalidad y decolonialidad: las insurgências político-epistémicas de refundar el Estado. In: Tabula rasa. nº 9, 2008, p. 131-152. Disponível em: http://www.revistatabularasa.org/numero-9/08walsh.pdf. Acesso em: 23.08.2017.
WOLKMER, Antonio Carlos. Pluralismo Jurídico: fundamentos de uma nova cultura no Direito. 4ª ed. São Paulo: Alfa Omega, 2001.
YRIGOYEN FAJARDO, Raquel Zonia. El horizonte del constitucionalismo pluralista: del multiculturalismo a la descolonización. In: GARAVITO, César Roberto (Comp.). El derecho en América Latina: un mapa para el pensamiento jurídico del siglo XXI. Buenos Aires: Siglo Veintiuno, 2011, p. 139-184.
ZAFFARONI, Eugênio Raúl. La natureza como persona: pachamama y gaia. In: VARGAS, Chivi; MOISES, Idón (Coords.) Bolivia – nueva constitucion política del Estado: Conceptos elementales para sudesarrollo normativo, La Paz, 2010.
ZAFFARONI, Eugênio Raúl. La pachamama y el humano. Buenos Aires: Ediciones Madres de Plaza de Mayo, 2012.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Os autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Os autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-CompartilhaIgual 3.0 Brasil.