Para ampliar o Horizonte do Imaginário:

A construção inventiva da ficção distópica

Autores

Palavras-chave:

Distopia, Leitura, Leitor

Resumo

Dispondo da interação entre a ficção distópica e o intérprete enquanto objeto de investigação, este artigo pretende, em um primeiro momento, propor uma reflexão em torno do papel do leitor na composição de sentido da obra literária. Sob os aportes de Iser a respeito do ato/processo de leitura, entende-se que uma participante atuação por parte do intérprete permite-lhe extrair toda a pulsão proporcionada pela ficção ao aguçar sua capacidade de se posicionar em relação à narrativa que ajuda a construir e à realidade que constantemente a acompanha. Realizando uma incursão no gênero das distopias, em um segundo momento, pretende-se compreender as razões por detrás da elevada popularidade que as narrativas distópicas alcançaram nos últimos anos. Argumenta-se que o crescimento de leitores, assim como a difusão das distopias para o âmbito das artes visuais, encontra indícios na capacidade que o gênero possui de mobilizar o imaginário crítico do intérprete ao permitir-lhe identificar questões que, invisibilizadas pela realidade que o cerca, afloram na ficção em virtude de sua capacidade de viabilizar novas perspectivas sobre problemas sociais que, de outra maneira, seriam considerados como naturais ou inevitáveis.

Biografia do Autor

Antonio Diogo Oliveira Herculano, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGD/UFRJ). Integrante do Laboratório INPODDERALES (PPGD/UFRJ). Bolsista do Programa de Excelência Acadêmica (PROEX) da CAPES.

Lilian Balmant Emerique, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutorado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mestrado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Mestrado em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Nova de Lisboa. Coordenadora do Laboratório INPODDERALES. Professora Associada da Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Referências

BERRIEL, Carlos Eduardo Ornelas. Utopie, dystopie et histoire. Morus-Utopia e Renascimento, v. 3, 2006.

BOOKER, M. Keith. The Dystopian Impulse in Modern Literature: Fiction as social criticism. Westport: Greenwood Press, 1994.

BORGES, Jorge Luis. Ficciones. 1. ed. Buenos Aires: Emecé Editores, 2005.

BRADBURY, Ray. Fahrenheit 451. New York: Simon & Schuster, 2013.

BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Não verás país nenhum. São Paulo: Global Editora, 2012.

BURGESS, Anthony. Laranja Mecânica – 50 anos. Trad. Fábio Fernandes, Henrique Szolnoky. São Paulo: Aleph, 2012.

CÁRCOVA, Carlos María. Derecho y Narración. In: TRINDADE, André Karam; GUBERT, Roberta Magalhães; NETO, Alfredo Copetti (Orgs.). Direito & literatura: ensaios críticos. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2008.

CARELLI, Rodrigo de Lacerda (org.). Black Mirror: Direito e sociedade – estudos a partir da série televisiva. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2018.

DANOWSKI, Déborah; VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Los miedos y los fines… del mundo. Nueva Sociedad, n. 283, p. 37-46, set./out., 2019.

DE ALMEIDA, Philippe Oliveira. Crítica da razão antiutópica: inovação institucional na aurora do Estado Moderno. 2016. Tese (Doutorado) – Curso de Direito, UFMG, Minas Gerais, 2016.

DE CARVALHO, Maria Elvira Malaquias. Os pontos cegos da teoria de Wolfgang Iser. Revista Investigações – Teoria da Literatura, v. 26, n. 1, jan., 2013.

DE SOUSA SANTOS, Boaventura. Refundación del Estado en América Latina: Perspectivas desde una epistemología del Sur. Lima: Instituto Internacional de Derecho y Sociedad, 2010.

FARIA, Fernanda; CATALAN, Lucas. Entre a realidade e o assombro: as distopias literárias de Ignácio de Loyola Brandão. Zanzalá – Revista Brasileira de Estudos sobre Gêneros Cinematográficos e Audiovisuais, v. 5, n. 1, p. 68-80, 2020.

FRANCO JÚNIOR, Hilário. Em Busca do Paraíso Perdido: As Utopias Medievais. São Paulo: Ateliê Editorial/Editora Mnema, 2021.

GARCÉS, Marina. Condición póstuma, o el tiempo del «todo se acaba». Nueva Sociedad, n. 283, p. 16-27, set./out., 2019.

HERRERA FLORES, Joaquín. O nome do Riso: breve tratado sobre arte e dignidade. Trad. Nilo Kaway Junior. Porto Alegre: Movimento, 2007.

HERRERA FLORES, Joaquín. Hacia una visión compleja de los derechos humanos. In: El vuelo de Anteo. Derechos Humanos y Crítica de la Razón Liberal. Bilbao: Desclée de Brouwer, 2000.

ISER, Wolfgang. O ato da leitura, vol. 1. Trad. Johannes Kretschmer. São Paulo: Ed. 34, 1996.

ISER, Wolfgang. O ato da leitura, vol. 2. Trad. Johannes Kretschmer. São Paulo: Ed. 34, 1999.

ORWELL, George. 1984. Trad. Alexandre Hubner, Heloísa Jahn. Posfácios: Erich Fromm, Ben Pimlott, Thomas Pynchom. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

PRONER, Carol; RICOBOM, Gisele. Black Mirror e o solipsismo da tecnologia. In: NEUENSCHWANDER MAGALHÃES, Juliana et. al. (orgs.). Black Mirror: O direito em tempos de neoliberalismo. 1. ed. Petrópolis: Gisele Ricobom, 2020.

ROTH, Veronica. The World of Veronica Roth’s Divergent Series. New York: Katherine Tegen Books, 2011.

SARTRE, Jean-Paul. Qu’est-ce que la littérature?. Paris: Éditions Gallimard, 1948.

Downloads

Publicado

2024-04-22

Edição

Seção

Seção Especial: Dossiê "Direito e Cinema: explorando experiências político-pedagógicas"