As Razões do Opt-out: um Estudo sobre Mulheres que Interromperam suas Carreiras em Função da Maternidade
DOI:
https://doi.org/10.21446/scg_ufrj.v0i0.42934Palavras-chave:
opt-out, interrupção de carreira, mulher, carreiraResumo
Este artigo teve como intuito identificar as razões que levaram muitas mulheres a aderirem ao movimento opt-out, bem como as suas experiências com o cuidado integral dos filhos, após a interrupção da carreira. A metodologia de estudo adotada foi de natureza qualitativa, contando com entrevistas semiestruturadas com 14 mulheres pós-graduadas que interromperam suas trajetórias profissionais em função da maternidade. Os resultados revelaram que as entrevistadas não se afastaram de suas carreiras apenas devido a um desejo de se dedicar unicamente aos filhos, mas por razões mais complexas que compreendem, também, aspectos relacionados à dinâmica do trabalho, aos filhos e aos companheiros, tais como: longas jornadas de trabalho, estigma contra as mães no local de trabalho, problemas de saúde dos filhos e ausência dos companheiros no cuidado das crianças e nas tarefas domésticas. Além disso, constatou-se que, durante o tempo de afastamento, elas vivenciaram experiências que envolvem tanto sentimentos positivos, como acompanhamento do desenvolvimento dos filhos, quanto negativos, como crises de identidade, sentimento de improdutividade e medo do futuro. Tais resultados conduziram a uma leitura crítica do movimento opt-out, por se entender que tal fenômeno contribui para uma mudança limitada e/ou manutenção do status quo frente às desigualdades estruturais e organizacionais.
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