Aproximações entre "Crime e castigo" e "Os detetives selvagens"

Autores

DOI:

https://doi.org/10.55702/3m.v29i57.61882

Palavras-chave:

Crime e Castigo, Os detetives selvagens, Polifonia, Esquizofonia, Roberto Bolaño.

Resumo

Ao trabalhar duas obras de grande impacto narratológico, mas separadas por mais de um século entre suas primeiras publicações, este trabalho tem como intuito analisar de que forma o conceito de polifonia desenvolvido por Mikhail Bakhtin, a partir da poética de Dostoiévski, pode contribuir para o estudo das estratégias de narração de um romance com mais de cinquenta narradores, como é Os detetives selvagens, de Roberto Bolaño. A comparação mostra as semelhanças existentes, por exemplo, na horizontalidade ideológica dos personagens ou na presença das marcas discursivas dos personagens individualizados nos dois romances, confluências que ganham um aprofundamento na obra de Bolaño, ao fazer a passagem da estrutura una do enredo (como é em Dostoiévski) para uma estrutura constantemente cortada e sem a presença de um narrador que concatena os fatos. Essa fragmentação do enredo em Os detetives selvagens sugere uma polifonia levada às última consequências e, por isso, talvez careça de um nome mais próximo de algo como “esquizofonia”, conceito que é o ponto de chegada para este trabalho, que antecede um percurso cartográfico do romance de Bolaño, ainda a ser feito.

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Biografia do Autor

Guilherme Rezende Machado, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Doutorando em Teoria da Literatura e Literatura Comparada no programa de Pós-graduação em Letras pela UERJ. Integrante do projeto de pesquisa “Linhas de força da literatura latino-americana contemporânea” coordenado pela Profª Drª Ieda Magri.

Ieda Magri, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Doutora em Literatura Brasileira pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), professora associada de Teoria da Literatura da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pesquisadora do CNPq.

Referências

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Publicado

2025-04-09