Gênese da literatura da defesa

Autores/as

  • Ricardo Pinto de Souza

DOI:

https://doi.org/10.55702/3m.v11i16.11190

Resumen

Toda literatura tem um compromisso com seu tempo, é sempre “literatura dos homens presentes, da vida presente”, como diria Drummond. Este
compromisso pode assumir as mais diversas formas, do descritivismo puro e
simples à alegoria, da tentativa de ser fiel aos fatos à fidelidade a uma pretensa
essência, da procura de tipologias à criação de personagens excepcionais e que
na sua excepcionalidade revelam o comum dos homens. Embora a “literatura
da defesa” possa perfeitamente ser caracterizada como realista, pois formaliza
uma série de questões históricas, propor uma leitura destes textos em termos
estritos de um realismo clássico, o da literatura de costumes ou dos romances
históricos, significaria perder o aspecto irônico destas obras: elas se estruturam
como discussão pública de várias questões, e, embora não haja nenhuma contradição entre realismo e ironia, esta, na “literatura da defesa”, projeta o narrado para além do simples descritivo, tornado-o matéria polêmica, de inquisição e revisão de valores, próximo a um modelo que no teatro, por exemplo, estaria ligado a Brecht.

Publicado

2017-07-04