O mito da ‘mãe-preta’
estereotipia e resistência na representação de trabalhadoras domésticas na literatura brasileira
DOI:
https://doi.org/10.55702/3m.v28i56.65436Palabras clave:
trabalho doméstico, mãe-preta, estereótipoResumen
Na representação de personagens trabalhadoras domésticas na literatura brasileira, assim como em outras linguagens artísticas, é recorrente o uso do estereótipo da “mãe-preta” (Lélia González, 2020): a personagem maternal, acolhedora, exímia cozinheira, que conta causos populares, que trabalha muito sem reclamar, que nunca reage aos desmandos dos empregadores e internaliza o próprio sofrimento. O artigo analisa o funcionamento dos estereótipos (Hall, 2016) na fixação de um imaginário único em relação a tais personagens a partir da perspectiva de um contraexemplo de resistência, indicado na crônica “Oitenta e oito”, de Lilia Guerra (2022).
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