Heterologia, êxtase, êxodo:
notas sobre mística e subjetividade
DOI:
https://doi.org/10.55702/3m.v28i55.62193Palavras-chave:
mística, subjetividade, teologia, teopoética, filosofiaResumo
Neste artigo nosso ponto de partida será a teologia que se ocupa da experiência mística em diálogo interdisciplinar com diversas disciplinas, quais sejam, a literatura, a filosofia, a psicanálise e a história. Aqui pretendemos explorar o pensamento de Michel de Certeau e Julia Kristeva para pensar a subjetividade como alteridade e, mais ainda, como estrangeiridade, forasteiridade. Isso que se diz de toda subjetividade será por nós refletido e escrito especialmente sobre a subjetividade mística. A partir da perspectiva da teologia e pela mediação hermenêutica da literatura nas obras de Katherine Mansfield e Ana Cristina César, procuraremos situar essa subjetividade estrangeira como mística e, portanto, como extática e em permanente condição de êxodo. Alguns escritos de Teresa de Avila e Etty Hillesum serão convidados a confirmar o que é dito do êxtase e do êxodo enquanto condições permanentes da subjetividade mística. O pensamento filosófico de Emanuel Levinas e Jean Luc Marion, por fim, nos ajudarão a revelar a necessária visibilização da subjetividade mística configurada enquanto errante, alterada e responsável.
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