DELEUZE, AGAMBEN E BARTLEBY

Authors

  • Carlos Augusto Peixoto Júnior PUC-Rio

DOI:

https://doi.org/10.59488/tragica.v8i1.26804

Abstract

Em março do ano de 1853, o escritor americano Herman Melville publica pela primeira vez, na Putnam’s Monthly Magazine, de Nova York, seu famoso conto “Bartleby”,1 traduzido para a língua portuguesa como “Bartleby, o escrivão”. Essa desconcertante peça literária, narrada em primeira pessoa por outro personagem, um advogado, relata a história de um “estranho” escriturário contratado por ele, que, pouco após um período inicial de comparação de textos jurídicos bastante produtivo, um dia recusa-se a realizar uma tarefa que lhe é solicitada com a seguinte frase: “I would prefer not to”, ou seja, “Eu preferiria não”2 . Frase que, depois de pronunciada pela primeira vez, passa a contaminar todas as atividades de Bartleby no escritório, onde ele resolve definitivamente se instalar, viver, comer e dormir. Após tentar de tudo para convencê-lo a deixar o escritório, oferecendo-lhe inclusive outras oportunidades de trabalho, o advogado decide se mudar dali para um prédio em frente e acaba descobrindo que a sala havia sido oferecida a novos locatários e que Bartleby, tendo recebido uma intimação policial para se retirar, teria respondido com a mesma expressão: “Eu preferiria não”. Preso, recebe a visita do ex-chefe, que tenta ajudá-lo oferecendo-lhe uma soma em dinheiro, a qual também é recusada pelo escriturário: “Eu preferiria não”. Mantido na prisão, este “estranho” e curioso personagem para de comer, deixando-se morrer de fome e oferecendo ao mundo uma forma de subjetivação apaixonada em sua passividade, da qual nada nem ninguém jamais puderam demovê-lo.

Author Biography

Carlos Augusto Peixoto Júnior, PUC-Rio

Psicólogo; Psicanalista; Professor do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica da PUC-Rio. Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Contato: cpeixoto@puc-rio.br

Published

2015-03-16