O destino de Deleuze

Autores/as

  • Filipe Ferreira Universidade Nova de Lisboa

DOI:

https://doi.org/10.59488/tragica.v11i2.27215

Palabras clave:

esquizo, perverso, esquizofrenia, diferença, personagem.

Resumen

Segundo o que se diz em O que é a filosofia?, o destino do filósofo é o de se tornar nos seus personagens conceituais, no que define uma espécie de duplo devir, não só do filósofo que se torna personagem, como do personagem que se afirma agora como filósofo. Certamente, existem vários destes personagens na filosofia. Só Nietzsche tem vários, uns que atraem, Dionísio, Zaratustra, outros que repelem, o padre, o homem superior. Kant também cria um, o juiz, Leibniz outro, o advogado. Espinosa tem os seus, o homem com paixões tristes (o escravo), o homem que se aproveita destas paixões (o tirano), e isto sem falar em Platão, onde o próprio Sócrates surge como personagem conceitual e não simplesmente como figura histórica. Sente-se, com estes personagens, o horizonte de uma abordagem alternativa à filosofia assente já não exclusivamente nos conceitos criados pelos filósofos, mas nos personagens que inventam. Todavia, não é este o horizonte com o qual lidaremos. Interessa-nos perguntar pelos personagens ou “heterônimos” de Deleuze, o que seria pensar a sua filosofia a partir deles. Identificaremos dois, o perverso e o esquizo, sendo o perverso, a nosso ver, dominante em textos tão centrais como Diferença e repetição e a Lógica do sentido, e o esquizo o personagem que o destronará, passando a ser dominante não só no projeto geral de Capitalismo esquizofrenia, mas o personagem que definirá o destino de Deleuze, o devir-esquizo da sua filosofia. Focaremos aqui numa dimensão inicial deste estudo, na concepção do perverso enquanto sujeito que cria a gênese da filosofia de Deleuze em Diferença e repetição, mas também a maneira em que questões relacionadas com a esquizofrenia levam Deleuze a desconfiar do perverso. Optaremos por fazer o perverso tremer na obra (Diferença e repetição) onde ele ainda nem vislumbra a ameaça que o esquizofrênico apresenta, sendo este um trabalho preliminar para determinar em que condições Deleuze procurará (na Lógica do sentido) ‘salvar’ o perverso do esquizofrênico, acabando por abandoná-lo, já com Guattari, em favor do esquizo a partir de Capitalismo e esquizofrenia.

Biografía del autor/a

Filipe Ferreira, Universidade Nova de Lisboa

Doutor em Filosofia pela Universidade Nova de Lisboa

Publicado

2018-07-23

Número

Sección

Artigos