O destino de Deleuze
DOI:
https://doi.org/10.59488/tragica.v11i2.27215Palabras clave:
esquizo, perverso, esquizofrenia, diferença, personagem.Resumen
Segundo o que se diz em O que é a filosofia?, o destino do filósofo é o de se tornar nos seus personagens conceituais, no que define uma espécie de duplo devir, não só do filósofo que se torna personagem, como do personagem que se afirma agora como filósofo. Certamente, existem vários destes personagens na filosofia. Só Nietzsche tem vários, uns que atraem, Dionísio, Zaratustra, outros que repelem, o padre, o homem superior. Kant também cria um, o juiz, Leibniz outro, o advogado. Espinosa tem os seus, o homem com paixões tristes (o escravo), o homem que se aproveita destas paixões (o tirano), e isto sem falar em Platão, onde o próprio Sócrates surge como personagem conceitual e não simplesmente como figura histórica. Sente-se, com estes personagens, o horizonte de uma abordagem alternativa à filosofia assente já não exclusivamente nos conceitos criados pelos filósofos, mas nos personagens que inventam. Todavia, não é este o horizonte com o qual lidaremos. Interessa-nos perguntar pelos personagens ou “heterônimos” de Deleuze, o que seria pensar a sua filosofia a partir deles. Identificaremos dois, o perverso e o esquizo, sendo o perverso, a nosso ver, dominante em textos tão centrais como Diferença e repetição e a Lógica do sentido, e o esquizo o personagem que o destronará, passando a ser dominante não só no projeto geral de Capitalismo esquizofrenia, mas o personagem que definirá o destino de Deleuze, o devir-esquizo da sua filosofia. Focaremos aqui numa dimensão inicial deste estudo, na concepção do perverso enquanto sujeito que cria a gênese da filosofia de Deleuze em Diferença e repetição, mas também a maneira em que questões relacionadas com a esquizofrenia levam Deleuze a desconfiar do perverso. Optaremos por fazer o perverso tremer na obra (Diferença e repetição) onde ele ainda nem vislumbra a ameaça que o esquizofrênico apresenta, sendo este um trabalho preliminar para determinar em que condições Deleuze procurará (na Lógica do sentido) ‘salvar’ o perverso do esquizofrênico, acabando por abandoná-lo, já com Guattari, em favor do esquizo a partir de Capitalismo e esquizofrenia.Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho licenciado simultaneamente sob a licença Creative Commons Attribution 4.0 International (CC BY). Esta licença permite que terceiros remixem, adaptem e criem a partir do trabalho publicado, atribuindo o devido crédito de autoria e publicação inicial neste periódico. Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (por exemplo: publicar em repositório institucional, em site pessoal, publicar uma tradução ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.