Orson Welles e Nietzsche

Autores

  • Rodrigo Guéron

Palavras-chave:

Filosofia. Cinema. Orson Welles. Nietzsche. Potências do Falso. Character.

Resumo

Este artigo versa sobre a proximidade entre o cinema feito por Orson Welles e a Filosofia de Friedrich Nietzsche, na interpretação de Gilles Deleuze. Deleuze vê o cinema de Orson Welles descobrindo o que ele chama de Potências de Falso, o que vem a ser a própria Vontade de Potência como a concebeu Nietzsche. Orson Welles aparecerá então como um protagonista da passagem do cinema clássico para o cinema moderno, ou seja, o cineasta estadunidense ajudará a superar um cinema que tem uma história que aspira um final, regida por leis predeterminadas, que julga, condena, absolve ou redime seus personagens. Por isso veremos que de alguns filmes de Welles emerge a pergunta: “é possível julgar?” Welles nos apresentará não um processo de reprodução da realidade, mas a realidade mesmo em produção, conseguindo imagens que serão uma representação direta do tempo, e não o tempo representado apenas através do movimento, como acontecia no cinema clássico. Esta será, segundo Deleuze, uma espécie de “virada nietzscheana” do cinema. É neste contexto que o conceito de Character, pelo qual o próprio Welles avalia os seus personagens, se encontrará com a concepção moral nietzschiana: aquela que avalia os homens segundo sua capacidade de agir -- ou não-- diante das situações limites da vida, de seu próprio fim, de sua morte.

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Publicado

2017-08-11