Nossa tese é a de que Baudelaire, malgrado o parecer de seus intérpretes tradicionais e do neoplatonismo manifesto em alguns poemas, não se inscreve como um simbolista padrão, em reação contra a modernidade, mas adota um procedimento literário que supõe a autonomização do simbólico, promovida pela ciência galileana e posta em destaque por Lacan e a psicanálise. Isso torna o autor das “Flores do mal” muito mais um poeta da emergência do inconsciente que um nostálgico da unidade perdida, ao seio da Coisa em si.