A definição aristotélica do tempo incorre em uma transgressão de gênero?
DOI:
https://doi.org/10.47661/afcl.v15i30.46031Palavras-chave:
Aristóteles, Tempo, Problema da Transgressão de Gênero, Filosofia da CiênciaResumo
O presente trabalho expõe uma leitura da definição aristotélica do tempo em Física IV. 11, 219b1-2, explicitando a sua compatibilidade com a tese intitulada de ‘proibição da transgressão de gênero’ presente em Segundos Analíticos I. 7, 75a38-39. A interpretação tradicional propõe que a tese aristotélica da transgressão de gênero impossibilita a utilização de atributos de um domínio científico em outras ciências. Se esse for o caso, a definição aristotélica incorreria em uma transgressão, visto que ‘número’ é um item da aritmética e não poderia ser utilizado em um objeto da ciência natural, como o tempo. Mostro uma leitura da transgressão de gênero à luz da teoria da proporção que torne compatível a definição do tempo com a tese da transgressão de gênero.Referências
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