Razão e desejo: uma comunicação persuasiva em Aristóteles

Autores/as

  • Juliana Ortegosa Aggio Departamento de filosofia,UFBA

DOI:

https://doi.org/10.47661/afcl.v9i18.4838

Palabras clave:

Razão, desejo, persuasão, educação, Aristóteles

Resumen

Pensar que algo é melhor, mas desejar fazer o seu contrário: eis o dilema ético que todos enfrentamos e que também foi objeto de reflexão do filósofo estagirita, Aristóteles. O problema reside em saber como podemos conciliar o pensamento com o desejo, ou seja, como podemos desejar isto mesmo que pensamos ser o melhor a ser feito. Esta conciliação pressupõe, na filosofia aristotélica, uma boa comunicação entre a razão e o desejo. O ponto problemático é saber como o pensamento ou a razão (logos) se comunica com esta parte de nós não racional e, muitas vezes, avessa aos ditames da razão, o desejo (orexis). O objetivo deste texto, portanto, é compreender como ocorre a comunicação entre a razão e o desejo e, consequentemente, qual seria o limite da atuação da razão sobre o desejo segundo Aristóteles. É sabido que esta comunicação se efetiva por meio de elogios e censuras, sendo certamente persuasiva. Trata-se de uma razão que se esforça por convencer o desejo a seguir o que ela diz que é correto. E se o desejo pode e deve ser persuadido pela razão, então ele é uma capacidade não racional que, em alguma medida, raciocina ou, nas palavras de Aristóteles, participa (metexein) da razão. A dificuldade, portanto, é estabelecer o limite desta racionalidade inegavelmente atribuída ao desejo pelo estagirita, pois, se, por um lado, não se deve confundir desejo e razão, por outro, tampouco o desejo seria uma faculdade surda à voz da razão e incapaz de se comunicar com ela.

Biografía del autor/a

Juliana Ortegosa Aggio, Departamento de filosofia,UFBA

Possui graduação em Filosofia pela Universidade de São Paulo (2004), mestrado em Filosofia Antiga pela Universidade de São Paulo (2006) e doutorado também em Filosofia Antiga pela Universidade de São Paulo (2012), tendo realizado doutorado sanduíche no período de um ano na École Normale Supérieure - Paris, sob orientação de Francis Wolff (2009-2010). Atualmente é professora adjunta do departamento de filosofia da Universidade Federal da Bahia, membro da direção da Associação Latina-americana de Filosofia Antiga (ALFA), dos GTs de Filosofia Antiga e Filosofia e Gênero da Anpof, e do Laboratório de Estudos da Antiguidade e do Medievo (Vivarium - Nordeste). Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em História da Filosofia, atuando principalmente nos seguintes temas: filosofia antiga, ética, e psicologia moral

Citas

BEKKER, I. Aristotelis Opera. Berlin, 1831 (1960).

COOPER, J.M., Reason, Moral Virtue, and Moral Value. In: Frede, M., e Strike, G., Rationality in Greek Thought. Oxford, 1997, pg. 81-114.

______. Some remarks on Aristotle's Moral Psychology, Southern Journal of Philosophy, 27, suppl., 1988, pg. 25-42.

GRÖNROOS, G., Listening to reason in Aristotle's Moral Psychology. In: Sedley, D., Reason in Aristotle's Moral Psychology. Oxford, 2007, p. 251-271.

LABARRIÈRE, J., Imagination humaine et imagination animale chez Aristote, Phronesis, 29, 1984.

LEAR, J., Integrating the non-rational soul, Proceedings of the Aristotelian Society, Vol. cxiv, Part 1, 2014.

NUSBAUM, M., The ‘Common Explanation' of Anima Motion. In: Moraux, P., e Wiesner, J., Symposium Aristotelicum. Berlim: Walter de Gruyter, 1983, pg. 116-156.

SPEIGHT, A., Listening to reason: the role of persuasion in Aristotle's account of Praise, Blame, and the Voluntary, Philosophy & Rhetoric, Vol. 38, No. 3, 2005, pp. 213-225.

ROSS, D. The works of Aristotle. London: Oxford University Press.

Publicado

2016-12-10