Uma prática cultural pode ser considerada moralmente indefensável?
DOI:
https://doi.org/10.59488/itaca.v0i26.2409Resumen
É intuitivo pensar que a alteridade e a diversidade humanas possam ser subsumidas a uma esfera global de valores. Essa é a dimensão presente no mundo conectado pautado por concepções de integração, ilustradas pelos princípios dos direitos humanos. Diante dessa constatação, torna-se necessário compreender os diferentes grupos minoritários existentes, por meio de um olhar atento que dê conta das particularidades e das tradições locais. O artigo atual, dessa maneira, visa a refletir sobre o problema de como defender o conceito de justiça social sem impor uma ordem de valores que destrua e
desrespeite o patrimônio intercultural. Para alcançar os objetivos propostos, pretende-se estudar as construções teóricas do conceito de justiça multicultural tracejado por Will Kymlicka. Todavia, há práticas culturais que são invasivas, muitas vezes, lesionam, torturam e matam em prol da tradição. Este é o caso da mutilação genital feminina praticada em algumas regiões da África. Explora-se este caso concreto, visto que ele abarca conflitos
específicos sobre o reconhecimento cultural e a tolerância radical. Portanto, o trabalho está dividido em duas partes. A primeira dedica-se à discussão
conceitual empreendida pelo multiculturalismo liberal. A segunda, por sua vez, almeja refletir sobre o caso limítrofe da mutilação genital feminina praticada nos países africanos, de modo a expor se o multiculturalismo traça limites para determinadas práticas culturais ou não.
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