Engajar-se artisticamente: o ser humano como ponto de partida da mudança
Resumo
A arte precisa do engajamento humano para que seja engajada. Ela não existe sem o humano, mas a partir da existência e do engajar-se humano. A arte por si só, mas de braços dados com quem persevera nela e com ela pode transformar o mundo ou não. Ela não existe para mudar, seja o nada, seja tudo; apenas existe como é. São as ações do ser humano, que ao serem atravessadas pela arte e a partir dela, podem transformar, mudar, modificar e ter o mundo como objeto de mudança, transformação e não constância. Somos fenômenos capazes de socialmente e politicamente desconstruir o estabelecido e construir o que virá a ser, pois abalar o sistema interno daquilo que já tem vida, pode remodelar outros caminhos e proporcionar novos horizontes. Os meios não existem sem um fim, tanto como, sem um começo. O conjunto de nossas ações no mundo existem sempre em relação às possibilidades que nos rodeiam. Jean-Paul Sartre em Being and Nothingness repara que possuímos intermediações internas e que somente existem por conta do que ele chama de situation. Ela refere-se, ainda segundo Sartre, a nossa facticidade por existirmos e a nossa liberdade de estarmos sendo e é nesse sentido que Roquentin, personagem de Náusea, outra obra do filósofo em questão, quando percebe-se tomado pela Náusea, pede a garçonete que toque uma música que gosta, e assim, reencontra-se consigo e com sua humanidade através da música. A parafrasear Eduardo Lourenço, quando traça um paralelo entre estarmos diante da janela de nós mesmos e estarmos a passear na rua: somos o que fazemos e disso somente os outros sabem. Pergunto: A arte pode ser um espaço de mobilização para uma ação política não-institucional? Respondo: depende, pois depende do espanto de quem absorve a arte, assim como, daquilo que será feito a partir desse thauma. A arte pode apenas nos atravessar, como também, vir a ser um devir com um propósito: mudar o mundo.
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